COMO NÃO FAZER

O Partido Socialista em Portugal está a passar uma fase difícil, de afirmação, de desgaste, de controvérsia, de desnorte, de deselegância, enfim, uma autêntica desgraça como pouco se tem visto e apreciado por esse mundo fora de liberdade e democracia. Está mesmo a ensinar a todos como não se deve fazer, tal os erros que vêm sendo cometidos dia após dia.

Como se sabe, os socialistas são uma força do chamado eixo da governação em Portugal. Volta não volta estão no poder e, por isso, são co responsáveis pelo estado da Nação. Já governaram com maioria absoluta, com maioria relativa, em coligação e já fizeram oposição a outros partidos nas mesmas circunstâncias.

Desta vez estão na oposição depois de uma governação de seis anos em que mergulharam o País numa crise financeira e de valores, sendo necessário o recurso a auxílio externo para pôr ordem na casa, com custos elevadíssimos. Como seria de esperar, no dia em que perderam o poder, caiu a direção partidária e outra equipa tomou conta dos destinos socialistas. É sempre assim: rei morto, rei posto.

Com as novas dificuldades, entretanto criadas, passou a ser mais fácil estar na oposição do que no poder. Começou, então, nova tarefa socialista, fazendo esquecer o passado recente e prometendo o que todos os outros também fazem nestas circunstâncias. Só que o percurso de recuperação e os resultados entretanto obtidos não foram, para alguns, o que seria desejável. Não tardou a que se levantassem outras vozes internas de contestação e sem esperar pelos timings pré estabelecidos, toda a máquina socialista abanou.

Seguro e Costa encetaram durante meses um confronto de desgaste. Os socialistas dividiram-se e fizeram lembrar o que se dizia dos tempos difíceis da guerra civil entre os apoiantes de D. Pedro e D. Miguel (liberais e absolutistas). Cada um disse o pior do outro. Ficamos a saber que Seguro ainda só teve seis ideias e meia. Por outro lado, todos ouviram que Costa passa a vida à janela da Câmara de Lisboa. Estes debates não foram fechados nas paredes partidárias. Foram difundidos pelas televisões e não só no território nacional. Todo o mundo viu através dos canais internacionais. É verdade, Portugal está em todo o lado. Parece que não levaram isto em conta e agora esta guerra de ofensas chegou ao fim.

Com batota ou sem batota (em Braga houve mortos que votaram) Costa ganhou a liderança do PS. Não se sabe se conseguirá juntar todas as pontas e relançar o partido que não só é essencial, como faz falta à democracia portuguesa. E atenção, no próximo ano há eleições.

A Direção