COLOMBO E A AMÉRICA

A maior sintonia entre historiadores sobre a vida e a obra de Cristóvão Colombo é que o local e a data do nascimento são incertos. Geralmente tido como genovês, mas sem provas concretas, foi ao serviço dos reis católicos de Espanha que liderou a frota que alcançou o continente americano, em Outubro de 1492. O objetivo, disso todos têm a certeza, era atingir a Índia pelo lado ocidental, uma vez que nessa época o único oceano que se conhecia era o Atlântico, já muito explorado pelos portugueses rumo ao sul e também a ocidente pelas descobertas das ilhas da Madeira e Açores.

Colombo fez quatro viagens para ocidente e andou quase sempre pelas Antilhas. Depois de Santo Domingo, a primeira paragem, foi a Cuba, Jamaica, Porto Rico, Panamá e tudo o que havia mais à volta. Que se saiba, nunca pisou território dos Estados Unidos e quando morreu ainda acreditava que tinha chegado à Índia.

Este homem enigmático, que sempre escondeu a sua origem, por razões que se supõem prenderem-se com a ascendência humilde, navegou, fez história e confundiu os demais. Na época de Colombo, Lisboa era o porto mercantil mais rico e mais ativo. Foi na capital portuguesa que Colombo começou a planear a travessia do único oceano conhecido. Em Portugal viveu, seguramente, durante 9 anos. Casou com Filipa Moniz e dessa união nasceu o seu único filho legítimo, Diogo Colombo, que a coroa espanhola se encarregou de nomear 2º almirante e vice-rei das Índias.

Colombo navegou muito tempo em navios portugueses por esse Atlântico fora. Há um documento da corte de Castela de 1487, em que Colombo é tratado por “portugues”. Todos os seus escritos, enquanto ao serviço dos reis de Espanha, são em castelhano aportuguesado. Os seus descendentes nunca deixaram qualquer vestígio sobre as suas origens. Pelo contrário, há muitos escritos sobre a sua presença em Portugal e mais tarde grandes disputas com a coroa espanhola para obtenção de proveitos. Muito se disse e escreveu sobre o seu papel de espião ao serviço do rei português D. João II.

Porquê tantos mistérios à volta deste navegador? Por que razão os norte americanos celebram tanto Colombo, quando afinal nem sequer pisou o seu solo? Somente na segunda metade do século XVI, 73 anos depois de Colombo descobrir Santo Domingo, lá chegaram os primeiros espanhóis, seguidos de franceses, holandeses, suecos e por último os ingleses. O enigma Colombo vai continuar porque ele próprio foi formatado para isso. Os restos mortais são outro exemplo de confusão. Dizem os espanhóis que estão em Sevilha. Dizem os americanos que estão na República Dominicana. Afinal, onde nasceu e onde está sepultado? A sua história vai prosseguir e Portugal faz parte desta história.

A Direção