

Uma equipa internacional liderada por investigadores da Universidade de Coimbra descobriu como eliminar células estaminais cancerígenas através da manipulação da sua produção de energia.
A investigação centrou-se na identificação do modo como “os processos de geração de energia em células estaminais cancerígenas estão interligados com os fenómenos de diferenciação (transformação) celular e resistência a agentes anticancerígenos”, revela uma nota divulgada esta segunda-feira.
Com as experiências realizadas num modelo de linha celular estaminal de carcinoma embrionário (“um tipo de tumor raro que pode afetar os ovários e testículos”), os especialistas verificaram “uma remodelação celular na população estaminal cancerígena, através da manipulação da função da mitocôndria” (organelo responsável pela geração de energia nas células), salienta Paulo Oliveira, coordenador do estudo.
O estudo mostrou também que pelo menos no sistema celular avaliado, terapias que estimulem a função da mitocôndria podem levar a uma alteração no fenótipo da população estaminal tumoral, diminuindo a sua resistência a terapias convencionais.
Os investigadores conseguiram ainda pela primeira vez, através da técnica de ressonância magnética nuclear (RMN), fazer uma detalhada análise do perfil metabólico deste tipo de células, antes e depois do seu processo de diferenciação, o que permitiu identificar alterações chave da produção de energia.
A investigação, que acaba de ser publicada na “Cell Death and Differentiation”, do grupo “Nature”, foi desenvolvida ao longo dos últimos seis anos por uma equipa internacional coordenada por investigadores do CNC e da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC, em parceria com as universidades do Minnesota-Duluth e Mercer, nos EUA, com o objetivo de “alterar e eliminar células estaminais cancerígenas através da manipulação da sua produção de energia”.
A investigação é financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e pelo programa europeu FP7, através de uma bolsa Marie-Curie.