CIDADE UTÓPICA

De acordo com os resultados do mais recente trabalho de pesquisa junto da população venezuelana, a grande maioria ambiciona o fim da presidência de Nicolás Maduro e o regresso a melhores dias, sem restrições, filas, saques e dificuldades. A Venezuela está a viver um período de pré-guerra civil, em que cada dia é um problema sem solução à vista. O maior produtor de hidrocarbonetos da América chegou à miséria porque a governação tem sido desastrosa e sempre orientada por um ideal em nome das populações e nunca a favor das populações.

O melhor exemplo vem da cidade fantasma que Hugo Chávez idealizou e que Nicolás Maduro mandou construir, com o nome de Caribia ou Ciudad Chávez. Tudo começou no dia em que um helicóptero que transportava o antigo presidente venezuelano foi forçado a uma paragem de emergência devido a avaria. À boa maneira das ditaduras, quem pode manda e Hugo Chávez mandou construir a partir daquele local uma cidade que apelidaria de paraíso comunista.

Entretanto, Chávez morreu e o seu seguidor tomou conta do recado e mandou construir a tal cidade destinada aos mais desfavorecidos. Ali, foram alojados 15 mil habitantes com todas as regalias e conforto que se podem imaginar. A Ciudad Caribia, mas que o povo gosta de chamar por Ciudad Chávez, tem tudo gratuito no que se refere a saúde, educação, desporto e habitação. As infraestruturas foram construídas para não serem pagas e até os supermercados e os transportes são subsidiados para que o povo não tenha despesas.

Esta forma de governação na cidade utópica durou dois anos. Os habitantes viveram em permanente festa e acreditaram que lhes fora oferecido o paraíso na terra, sem necessidade de grande esforço e preocupação, uma vez que alguém os substituía e pensava por eles. Até que a crise instalada no país também chegou aquela cidade.

A miséria que vem assolando todo o território obriga a restrições e a permanentes confrontos entre população e forças policiais.

A ordem deu lugar à desordem e não há mais capacidade de instaurar a calma e a normalidade cívica. De há uns anos a esta parte, a Venezuela parecia habitada por um bando de inconscientes que se convenceram que sem trabalho, sem responsabilidade e competência, tudo caminharia sem problemas e que o mundo ao seu redor é que estaria errado.

As consequências estão à vista: pobreza, desemprego, inflação, descontrolo, homicídios, roubos e tudo o que se possa imaginar de pior. Sem luz e sem água, já só se trabalham dois dias por semana, pois as condições assim obrigam. Na Venezuela está mostrada a lição, mas mesmo assim, há outras partes do mundo que ainda querem acreditar que estes “milagres” são possíveis. E as culpas são sempre dos outros. Valha-nos o privilégio de vivermos num país sério e responsável.

A Direção