BOAS FESTAS À MODA DE PORTUGAL E DO CANADÁ

Correio da Manhã Canadá

Há quatro palavras que têm marcado as conversas e as manchetes dos últimos dias, tanto em Portugal, como no Canadá: pandemia, vacina, Natal e Ano Novo. E seguindo aquela que já é uma tendência pandémica, sucedem-se as opiniões e abordagens contraditórias.

Portugal ficou este último fim de semana marcado pelo polémico anúncio do primeiro-ministro António Costa, que decidiu aligeirar as restrições no período de festas, apesar de um estudo recente ter revelado que mais de 70% dos portugueses teriam apoiado mais limitações às viagens e às reuniões familiares no Natal e no Ano Novo.

É certo que o governo português não exclui a hipótese de reapertar as regras – trata-se de medidas provisórias, a reavaliar no dia 18 de dezembro –, mas não deixa de ser surpreendente esta mudança repentina, depois de consecutivos fins de semana de recolher obrigatório e de proibição de circulação entre concelhos.

Não será exagerado dizer que ninguém percebe muito bem a lógica por detrás da decisão portuguesa de permitir jantares em casa sem limites de pessoas e de alargar o período de funcionamento dos restaurantes até à uma da manhã na Consoada ou na Passagem de Ano. Ninguém percebe muito bem, apesar de Costa argumentar com a “tendência de melhoria da pandemia” e com a confiança no bom senso dos portugueses.

No Canadá, a história é outra. Apesar das pontuais diferenças entre províncias, a ideia geral – e ainda bem – é a de que o período festivo implica um apertar, e não um aligeirar, das restrições. As sondagens revelam que a esmagadora maioria dos canadianos planeia mudar ou até mesmo cancelar os seus planos de Natal e de Ano Novo e os governos estão a agir em conformidade.

O executivo do Québec, que começou por permitir os encontros familiares durante as festas mediante quarentena feita antes e depois, decidiu, afinal, proibir os ajuntamentos, por causa do agravar da pandemia. À semelhança de Ontário, onde o governo apela a que as datas sejam assinaladas no seio da “bolha” habitacional, isto é, apenas com membros da mesma residência.

As abordagens gritantemente diferentes dos governos português e canadiano confundem, mas também oferecem a possibilidade de analisarmos os efeitos das diferentes respostas. Enquanto isso, também vale a pena pormos os olhos na vacinação, que começa esta semana no Reino Unido e poderá arrancar no Canadá já na próxima semana.

Estará o fim da pandemia mais próximo do que imaginávamos?