Biden no Canadá e violência no TTC

Correio da Manhã Canadá

Há dois assuntos, entre os muitos que trazemos para si nesta edição, que destacamos neste editorial. O primeiro é a visita histórica do presidente norte-americano Joe Biden. Histórica por ser uma visita em que o líder do vizinho ao sul passa mais de um dia em solo canadiano e também por selar uma amizade que tem muitos laços e interesses. O Canadá precisa dos Estados Unidos da América (EUA) e vice-versa. Manter a relação entre os líderes saudável e amigável é fundamental. Um avanço em relação ao antigo presidente, Donald Trump, que até piadas fazia com o líder canadiano pelas costas. Biden e Trudeau trocaram elogios e trataram de assuntos importantes como imigração, as tensões com a China e a guerra na Ucrânia.

Para além deste importante destaque no âmbito da política, é com grande tristeza que nesta edição do Correio da Manhã Canadá noticiamos o esfaqueamento mortal de um jovem brasileiro em Toronto, no passado sábado. Uma morte trágica por si só, mas ainda mais irónica e lamentável tendo em conta que Gabriel Magalhães, de 16 anos, emigrou para o Canadá para fugir à violência no Brasil.

É assustador constatar que o homicídio do adolescente reflete uma tendência: os incidentes violentos contra os utilizadores dos transportes públicos de Toronto aumentaram quase 60% desde 2019, revela um relatório recente da Comissão de Trânsito de Toronto (Toronto Transit Commission – TTC).

Se tirarmos o foco do TTC e até de Toronto, também concluímos que a violência não é exclusiva dos transportes públicos da cidade mais populosa do Canadá. Em 2021, a criminalidade violenta aumentou 5% no país. De acordo com a Statistics Canada, “o aumento foi impulsionado principalmente por uma subida relativamente grande da taxa de agressões sexuais de nível 1 (mais 18%).”

Mas o aumento dos ataques aleatórios também preocupa, nomeadamente em Toronto Edmonton e Winnipeg. Nesta última cidade, mais de 50% dos habitantes do centro disseram sentir-se inseguros em outubro passado.

Ao mesmo tempo, os especialistas sugerem que se trata de uma consequência da pandemia. A crise sanitária levou ao despedimento de mais de 12% da mão de obra canadiana, ao agravamento dos problemas de saúde mental por causa do isolamento físico e social prolongado ou à redução das camas nos centros de acolhimento de sem-abrigo.

Dados que nos mostram que a violência nem sempre é gratuita, escondendo problemas sociais mais profundos e urgentes de abordar.