AS INCERTEZAS DO MÉDIO ORIENTE

Um dos últimos atos da Administração de Barack Obama foi a transferência de 221 milhões de dólares americanos para a Autoridade Nacional Palestiniana, com o argumento de servir como ajuda humanitária à zona oeste da Faixa de Gaza. Curiosamente, um dos primeiros atos da Administração de Donald Trump foi anunciar a transferência, para breve, da embaixada norte-americana em Israel, de Telavive para Jerusalém.

Duas atitudes que podem não parecer nada, mas que no futuro podem representar muito. O Médio Oriente tem sido o palco privilegiado dos mais recentes conflitos e que começaram após a Segunda Guerra Mundial, com a criação do Estado de Israel.

A região fica no centro de tudo, entre a Europa e o Índico, a Ásia e a África e tem servido para tudo, inclusive para centro espiritual das três religiões monoteístas: cristianismo, islamismo e judaísmo. A sua história tem tanto de riqueza ancestral como de problemas na atualidade, ao ponto de ser considerada uma zona de sensibilidade estratégica tanto em termos económicos como políticos.

A conflitualidade à sua volta começou no momento em que as potências coloniais europeias, neste caso a Inglaterra e a França, deixaram a região aos comandos dos novos líderes regionais, entretanto criados, e sob forte influência dos Estados Unidos, que se apresentaram na qualidade de novos polícias do mundo, em resultado do desfecho da II Guerra Mundial.

A extração em massa do petróleo veio despertar novos interesses que não seriam alheios à política americana. Os novos países árabes definiram como principal objetivo das suas políticas, a destruição do seu vizinho judaico – o Estado de Israel. Esses países vieram a liderar o cartel internacional do petróleo (OPEP) para influenciarem as grandes decisões políticas e do novo equilíbrio mundial.

Os Estados Unidos sempre tentaram desviar o mundo árabe da esfera soviética, hoje russa. Mas isso não evitou guerras de dimensão desastrosas com grande impacto nas economias e estilo de vida do Ocidente. Embora os americanos dominassem e se movimentassem como grandes mentores de toda a região, Israel tornou-se o parceiro mais próximo, beneficiando de total apoio bélico e económico.

As decisões que os Presidentes Obama e Trump acabaram de tomar, apenas significam que os Estados Unidos pretendem continuar a controlar toda a região, não importando se os equilíbrios podem ser beliscados. Há coisas na política que são muito sensíveis e as relações no Médio Oriente são o melhor exemplo. Vamos esperar para conhecer as consequências destas recentes decisões. Mas uma coisa é certa, dali só há incertezas.

A Direção