A RETOMA PORTUGUESA

A economia portuguesa acelera e as contas públicas estão mais equilibradas. Este é o retrato atual, reconhecido pelas instituições internacionais, nomeadamente a Comissão Europeia, cujo comissário responsável pela Economia, Pierre Moscovici, se manifestou “impressionado” com os progressos já alcançados nos últimos tempos.

Por outro lado, o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, já mais do que uma vez considerou o seu homólogo português, Mário Centeno, como o Ronaldo das Finanças europeias. E a provar tudo isto estão os números que assinalam a saída de Portugal do procedimento por défice excessivo, depois de oito anos consecutivos com défice superior a 3 por cento do PIB, e o crescimento previsto da economia para este ano de 2,8 por cento, como há muito não se registava.

O turismo tem sido um dos motores, a par do aumento das exportações. A procura de Portugal é enorme, como nunca se viu. Neste momento acelera-se a preparação da Base Aérea do Montijo para se transformar no segundo aeroporto civil de Lisboa, dado que o aeroporto que conhecemos por Portela e que agora ostenta o nome de Humberto Delgado, já rebenta pelas costuras, ao ponto de Lisboa ter forçosamente de recusar, este ano, 2 milhões de viajantes.

Abriram-se novas rotas e uma delas é a retoma da ligação Toronto/Lisboa, através da TAP. China, Rússia e tantos outros países procuram a capital portuguesa como destino para negócios e turismo e para que isso resulte em sucesso é necessário criarem-se as devidas infraestruturas aeroportuárias.

Em Lisboa, o rigor imposto às contas públicas está agora a surtir efeito, mas isso por si só não chega para explicar a mudança. As notícias da má gestão de anos acumulados passaram à história. Durante muito tempo, a administração pública portuguesa esbanjou o que tinha e o que não tinha. Meia dúzia de políticos, em representação do povo, usava e abusava dos dinheiros públicos. Hoje, as notícias sobre esses tempos são de acusações de corrupção, investigações e prisões dos implicados.

Portugal foi mesmo um exemplo mundial ao prender um ex-primeiro ministro acusado por corrupção. Muita gente de anteriores governos e de empresas públicas, sob gestão do Estado, estão agora a braços com a Justiça, enquanto prosseguem investigações judiciais pelos motivos mais inesperados. As notícias dão conta de muitos milhões consumidos em benefícios próprios e com decisões feitas à medida para enriquecimento ilícito.

Agora, as contas públicas respiram melhor e uma das causas principais para que isso suceda pode não ser, somente, a procura externa do País, mas o facto de o medo motivado pela intervenção da Justiça obrigar a que haja mais dinheiro para a governação do País do que para a governação dos bolsos, como sempre aconteceu.

JP