A GRÉCIA PODE CAIR

Proposta para cá, proposta para lá, a Grécia tem conseguido adiar um problema que parece inevitável: a saída do euro. O País mergulhou numa crise profunda e viu-se obrigado a solicitar ajuda internacional, dado que ficou sem recursos financeiros e sem possibilidade de per si conseguir financiamentos para fazer face às necessidades primárias. Em consequência, a Troika entrou na Grécia, impondo regras e vigilância por parte das equipas técnicas do FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia.

Desde o início, a Grécia nunca mostrou vontade nem capacidade de cumprir o acordado. Foi o primeiro País europeu a pedir ajuda internacional e é neste momento o único que continua sujeito a programas de apoio, não conseguindo ainda financiar-se sozinho nos mercados. As imposições dos credores são muitas e piores ainda quando se apercebem que não há vontade de cumprimento. Face à conjuntura, os governos gregos foram-se sucedendo sem que o problema se resolvesse. A instabilidade era tanta que o Parlamento de Atenas teve muito tempo sem conseguir eleger um Presidente da República.

As recentes eleições puseram no poder uma coligação de extrema-esquerda com uma força de direita eurocética. Parece estranho, mas ambos os partidos da coligação lidam mal com as instituições europeias e prometeram o céu na terra durante a campanha eleitoral. Agora, caídos na realidade estão entre as exigências dos credores e as promessas feitas ao eleitorado. Esta situação é tão incompatível como misturar azeite com água. Para alguns, o novo governo grego transportou uma lufada de ar fresco fazendo frente, especialmente, às exigências alemãs. Quem não gosta de ouvir que amanhã será melhor do que hoje? Foi essa mensagem que começou por passar e a Grécia tornou-se numa inspiração mundial. Para outros, as palavras e as promessas duram enquanto o tempo permitir e o que vai passar-se de seguida não terá nada a ver com demagogias e promessas falsas.

A Grécia virou-se para dentro e anunciou que conseguiu mais quatro meses para arrumar a casa. Apresentou propostas que fazem os credores desconfiarem. Todos dizem que se chegou a acordo e que as negociações vão prosseguir. A Grécia mudou o nome à Troika e passou a designá-la por Instituições. A Europa sólida, rica e estável parece alinhar nesta estratégia e dando a entender que deu mais quatro meses de crédito à Grécia está pura e simplesmente a ganhar tempo para expulsar a Grécia do Euro sem que as consequências sejam tão nefastas como se suporia há uns meses atrás.

Que dirão depois os que entendem a política como uma passagem do salve-se quem puder? A forma como se prometem coisas dentro e fora de portas tem que ter mais coerência. Dirigentes políticos que sobrevivem prometendo o impensável e com discursos populistas acabam sempre por sofrer as consequências. É pena é que se arrastam no tempo e arrastam muitos crentes na vida facilitada a troco de nada.

A Direção