A EUROPA RADICALIZA

A Europa foi a votos para eleger os deputados ao Parlamento Europeu. E numa altura em que se discute, cada vez mais, o projeto europeu, tal como está e como sempreo conhecemos, algumas curiosidades podem ser retiradas deste ato eleitoral: dos 28 Estados membros da UE, somente na Alemanha e na Espanha ganharam os partidos que estão no poder; os partidos que formam a centralidade europeia perderam em toda a linha para outros partidos mais radicais; em Inglaterra, e pela primeira vez em 100 anos, ganhou um partido que não seja os Conservadores ou os Trabalhistas; em França surpreendeu por completo a vitória da extrema-direita; e na Grécia a vitória da extrema-esquerda. Um pouco por todo o lado, pequenos partidos tomaram conta destas eleições chamando a atenção para próximos escrutínios, em que se votará para os parlamentos de cada País.

A abstenção foi elevada, cerca de 43%, mas dentro dos parâmetros habituais. Os críticos da União Europeia cantam vitória e anunciam para breve a continuação da sua luta. No entanto, num total de 751 eurodeputados, as vozes críticas de eurocéticos, populistas e extremistas ficam-se pelos 140.

O Partido Popular Europeu, a maior família política com assento em Estrasburgo e representando os conservadores, continua a liderar, devendo ser encontrado nessa esfera política o próximo presidente da Comissão Europeia e que se espera venha a ser Jean-Claude Junker.

No caso português, a grande surpresa foi a eleição do outsider político, Marinho e Pinto, que se candidatou por um partido que nunca teve expressão, MPT – Partido da Terra. O exbastonário da Ordem dos Advogados serviu de protesto, tal como a elevada quantidade de votos brancos e nulos, para já não falar da abstenção que atingiu os 66,09%. Portanto, somente pouco mais de 33% dos eleitores portugueses quiseram contribuir para este retrato político.

Ninguém melhorou face a eleições anteriores, mas todos e cada qual à sua maneira cantam vitória e exigem que se retirem ilações destes resultados. Os comunistas já anunciaram que vão apresentar uma moção de censura ao Governo. Os socialistas cantam de galo, mas sem convicção, pois a sua vantagem pode ser um presente envenenado para a sua própria liderança. A extrema-esquerda perdeu força, mas reage como se nada fosse. E um pouco assim é também a reação da coligação que está no poder. Perdeu, mas como se diz na gíria do futebol, chutam para canto, alegando que estas eleições não foram feitas para definir políticas internas, o que só acontecerá dentro de ano e meio. Até lá parece que vamos ficar politicamente entretidos com o chuta para cá e o chuta para lá.

A Direção