A EUROPA ENGANADA

No final de maio, entre os dias 22 e 25, realizam-se, em todo o espaço da União Europeia, eleições que vão eleger 751 deputados para o Parlamento Europeu, sediado em Estrasburgo. Cada País elege o número de deputados compatível com a sua população. No caso de Portugal, vão ser escolhidos 21 deputados.

Ao contrário das eleições legislativas, que visam escolher os deputados para a Assembleia da República e em consequência o Governo de Portugal, haverá apenas um círculo eleitoral nacional. Os votos contados nas freguesias, concelhos e distritos, vão todos para o mesmo saco e só esse é que conta. Concorrem os tradicionais partidos políticos com direito a campanha eleitoral e cujas despesas serão pagas através da subvenção estatal, da contribuição dos próprios partidos e da realização de campanhas de angariação de fundos.

No que toca à comparticipação dos dinheiros públicos, esse valor representa 10 mil vezes o salário mínimo de 2008, que era €426,00. Dado que Portugal vive em crise, essa verba foi reduzida em 20% até 2016. Mesmo assim, são quase 3,5 milhões de euros diretamente dos cofres do Estado para a campanha eleitoral e convencer os portugueses a votarem para o Parlamento Europeu.

Mas o que se tem visto e vai continuar a verse é que todo esse dinheiro não aponta nunca para o seu objetivo. Os partidos políticos não têm assento direto em Estrasburgo. Eles são integrados em grupos e famílias políticas que os representam. Existem 12 desses grupos e nas últimas eleições europeias, os portugueses apenas estavam representados em quatro. Ou seja, no PPE, o maior grupo e que se identifica com os partidos do centro e centro direita, através do PSD e CDS; S&D, ou seja o grupo socialista onde se integra o PS português; o grupo de os Verdes, de que fazia parte o dissidente do Bloco de Esquerda Rui Tavares; e no Grupo Esquerda Unida onde figuram os comunistas portugueses e o Bloco de Esquerda.

Em Estrasburgo, os deputados preocupam-se com questões europeias e com as repercussões que isso influi nos seus países. Mas em Portugal assiste-se a uma campanha que nada tem a ver com o objetivo final. Os partidos que estão na oposição pedem a queda do Governo para que haja mudança de políticas. Os partidos da maioria pedem um voto de confiança. Tudo isto está errado. Não é para estas finalidades que se vai votar no dia 25 de maio e ninguém tem a coragem de fazer valer esta verdade, com medo de perder força e sair da onda que foi criada para um efeito que não faz sentido. Não há uma palavra para a Europa, apenas política caseira. Os muitos milhões gastos apenas servem para não clarificar. E depois admiram-se de a abstenção nestas eleições atingir números exagerados.

A Direção