A dança das cadeiras

Correio da Manhã Canadá

Têm sido dias de muita fervura na política, não só no Canadá, mas também em Portugal. De um lado do Atlântico, são já conhecidas as datas da tomada de posse do novo Gabinete liberal, bem como do regresso do Parlamento – 26 de outubro e 22 de novembro, respetivamente – e, em Portugal, a proposta do Orçamento do Estado para o próximo ano, cuja votação global acontece no dia 25 de novembro, tem feito manchetes e ocupado as aberturas dos telejornais.

Não são certamente dias tranquilos para os líderes Justin Trudeau e António Costa. Enquanto um se prepara para anunciar a nova equipa, numa autêntica ‘dança das cadeiras’ que pode fazer rolar algumas cabeças, outro procura negociar o Orçamento da forma mais diplomática possível, lamentando a já longínqua parceria com os partidos à esquerda.

E enquanto os resultados não são conhecidos, reina a especulação. No Canadá, espera-se que Trudeau integre novos rostos na sua equipa, afastando outras figuras veteranas. A mudança principal poderá dar-se na pasta da Defesa, com a transferência de Harjit Sajjan para outro ministério, numa altura em que a sua liderança é questionada, devido aos recentes relatos de má conduta sexual nas Forças Armadas.

De acordo com fontes citadas pela imprensa canadiana, Trudeau deverá recorrer aos seus políticos mais experientes para fazer remodelações no respetivo Gabinete, num ambiente de contínua incerteza adveniente do facto de liderar um Governo minoritário. A ministra das Aquisições, Anita Anand, e a ministra do Trabalho, Carla Qualtrough, são nomes possíveis para a Defesa, enquanto Pascale St. Onge e George Chahal são outras figuras apontadas como potenciais membros da nova equipa.

A remodelação do executivo também tem sido frequentemente tema em Portugal, com António Costa a não afastar totalmente a hipótese de uma ‘dança das cadeiras’ no seio do Governo socialista, ainda que o assunto tenha vindo a ser abafado pelas negociações do Orçamento do Estado para 2022. Não só os partidos da direita, mas também os da esquerda dão sinais de que vão votar contra, pairando no ar a ameaça de uma crise política.

O risco é alto: se o Orçamento for chumbado, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa pode mesmo convocar eleições antecipadas, a realizarem-se já em janeiro. Quem sabe então a ‘dança das cadeiras’ não se faça só no Canadá, mas também em Portugal…