Os chineses andaram pelo mundo muito antes dos europeus. Antes de se fecharem nas suas fronteiras no século XV, desenvolveram técnicas de navegação que lhes permitiu explorar por completo o oceano Índico, passaram o cabo das Tormentas e deixaram vestígios na costa ocidental de África e América do Sul. Chegaram também ao oceano Pacífico através do estreito que, mais tarde, viria a chamar-se de Magalhães e exploraram a terra gelada da Antártida.
A grande muralha, que define as fronteiras da China, demorou cerca de 2 mil anos a construir e tem uma extensão de quase 22 mil quilómetros. Hoje, é a maior atração turística, mas a sua origem teve uma definição puramente militar, para defesa de possíveis ataques dos povos vizinhos. A construção atravessou várias dinastias imperiais e foi durante o reinado da dinastia Ming que se concluiu e se abandonou o projeto de expansão marítima, tendo-se optado pela destruição dos conhecimentos adquiridos.
A China fechou-se ao mundo no século XV e 600 anos depois é o próprio mundo que se abre à China e lhe entrega influência e domínio. A Europa, que tomou conta dos acontecimentos a partir do século XV com a expansão marítima dos portugueses, está hoje a viver, tal como os parceiros do Ocidente, experiências diferentes de ordem económica e social, precisamente porque entregaram à China a força do seu trabalho e do futuro.
Há mesmo quem defenda que o modelo social do mundo ocidental não irá aguentar-se por muito tempo, dadas as exigências financeiras como o formaram. Os ocidentais deixaram de pensar em trabalho e dedicaram-se ao lazer, entretenimento e ecologia. A juventude é formada nos valores dos direitos e das reivindicações. Não é preciso saber-se quem paga, mas a teoria de que alguém pagará, vai prevalecendo.
As sociedades endividam-se e os Estados discutem e aprovam orçamentos deficitários. As dívidas aumentam de ano para ano e chegará o momento em que as novas gerações terão de encontrar a melhor solução para o problema. E é nestas ocasiões que os conflitos aumentam de intensidade com consequências imprevisíveis.
De há uns anos a esta parte os industriais do Ocidente deslocalizaram a sua produção para a Ásia, nomeadamente para a China. É ali que hoje se fabrica tudo o que se pode imaginar a preços acessíveis, porque o custo do trabalho no Ocidente, os impostos e as taxas para suportar determinado nível de vida social não permitem que se fabriquem produtos de baixo valor.
O Ocidente passou a castigar com impostos quem trabalha e a beneficiar e subsidiar todos aqueles que por esta ou aquela razão ficaram sem trabalho. Não importa saber a razão, o que conta é a certeza de que todos têm direito a subsídios que podem designar-se de sobrevivência. E no final, sem força de produção ocupam-se as pessoas com tarefas no Estado sem capacidade de produzirem riqueza. Vigiam-se uns aos outros e não se dão conta que dentro de duas gerações, e a continuar-se assim, a China dominará o mundo.
JP