
À medida que a taxa de inflação diminui lentamente, muitos, incluindo deputados federais, querem saber porque é que as grandes cadeias de supermercados estão a ganhar tanto dinheiro, numa altura em que muitos canadianos reduziram de forma drástica o consumo de bens alimentares. Na última quarta-feira, na Câmara dos Comuns, políticos questionaram os presidentes de empresas como a Loblaw, Empire, e a Metro sobre o assunto
Os CEOs e presidentes da Loblaws, da Metro e da Empire, que opera cadeias incluindo o Sobeys, Safeway e FreshCo, estiveram presentes na quarta-feira, 8 de março, perante uma comissão parlamentar que está a estudar os preços inflacionados dos supermercados.
Os testemunhos vieram numa altura de apelos de políticos federais, incluindo a ministra das Finanças Chrystia Freeland e do líder do NDP Jagmeet Singh, para que a indústria fosse mais transparente sobre o que está a conduzir aos lucros recorde.
“Não importa quantas vezes se diga, escreva ou twitte. Simplesmente não é verdade”, disse Michael Medline, o presidente e CEO da Empire.
Os preços nos supermercados subiram 11,4% em janeiro, em comparação com o mesmo período do ano passado, quase o dobro da taxa de inflação global de 5,9%.
Ao mesmo tempo, destaca-se um aumento dos lucros das empresas em grande escala. As três empresas visadas registaram lucros mais elevados no primeiro semestre de 2022 em comparação com o desempenho médio nos últimos cinco anos, de acordo com um relatório do Laboratório de Análise Agroalimentar da Universidade de Dalhousie.
Na primeira metade de 2022, o lucro bruto da Loblaws bateu os melhores resultados anteriores em 180 milhões de dólares, o equivalente a cerca de um milhão de dólares a mais por dia.
Galen Weston, o bilionário presidente da Loblaws, disse que a empresa obteve maiores lucros com os serviços financeiros e as vendas de vestuário e farmácia, o que, segundo ele, representa mais de metade dos negócios.
“A ideia de que os supermercados estão a causar inflação alimentar não é apenas falsa, é impossível”, disse Galen Weston.
O NDP tinha insistido na reunião para responsabilizar os CEOs pelo que eles chamam de “ganância”, e o líder Jagmeet Singh dirigiu as suas perguntas a Galen Weston.
“Os canadianos olham para si e veem-no a obter lucros recorde. Como pode justificar isso quando as famílias lutam para pôr comida na mesa para os seus filhos?” perguntou Singh a Weston que respondeu.
“Sentimos e compreendemos que 95% dos canadianos estão preocupados com os preços dos alimentos. Mas os lucros dos supermercados não são a razão da inflação alimentar.”
Singh voltou a questionar: “De onde provêm os lucros?”
Weston respondeu: “A rentabilidade razoável é uma parte importante do funcionamento de um negócio de sucesso”, acrescentando que a empresa reinveste os lucros na abertura de novas lojas e na contratação de mais funcionários.
Durante a audiência, tanto Medline como Eric La Fleche, presidente e CEO da Metro, questionaram porque é que os deputados pareciam estar a excluir do estudo as grandes empresas dos Estados Unidos que operam no Canadá.
Foi perguntado aos CEOs se se comprometeriam a partilhar demonstrações financeiras detalhadas com o Gabinete da Concorrência e todos disseram que o estavam a fazer.