Um dos organizadores do chamado ‘Freedom Convoy’ diz que a ocupação de Ottawa nunca foi um objetivo do protesto. A declaração foi feita no âmbito do inquérito público ao uso da lei de emergência, durante as manifestações do ano passado. Vários organizadores testemunham esta semana.
Novos testemunhos dão mais pormenores sobre o protesto ‘Freedom Convoy’, que engarrafou o centro de Ottawa durante semanas no inverno passado.
Novembro arrancou com as declarações dos organizadores da manifestação, no inquérito público ao uso da lei de emergência.
De acordo com o organizador Chris Barber, o protesto começou com uma troca de mensagens entre camionistas no TikTok e rapidamente evoluiu para um cenário descontrolado.
Barber conta que a ideia surgiu depois de ter recebido uma mensagem inesperada de uma camionista chamada Brigitte Belton.
O organizador revela que Brigitte Belton planeava mobilizar um protesto contra o uso obrigatório de máscara, protagonizado por camionistas que cruzam a fronteira entre o Canadá e os Estados Unidos.
Barber diz que a manifestação “literalmente explodiu da noite para o dia”.
Em pouco tempo, a dupla reuniu um grupo de organizadores principais, incluindo Pat King. Em duas semanas, milhares de camiões e manifestantes foram para Ottawa.
Barber diz que alguns dos organizadores temeram o papel de Pat King, outro mobilizador do protesto.
King, que tinha muitos seguidores, sugeriu nas redes sociais que Justin Trudeau ia “levar um tiro”. Por causa disso, vários participantes queriam que ele ficasse em casa como resultado, garante Barber.
Em resposta, Barber publicou um pequeno vídeo do TikTok apelando ao pacifismo e ao cumprimento da lei.
O depoimento de Barber deixou claro que vários grupos associados ao ‘Freedom Convoy’ não concordaram sobre o motivo de protestarem na cidade.
Além disso, o organizador insiste que a manifestação em Ottawa não teve nada a ver com protestos que bloquearam passagens na fronteira noutras regiões do Canadá.
“Não sei como as coisas correram tão mal quando chegamos”, disse Barber, acrescentando que teria sido melhor se os camiões fossem levados para fora das ruas principais.
“Ocupar ou estacionar por toda a cidade nunca foi parte do motivo pelo qual viemos”, garantiu.
De recordar que Barber foi preso a 17 de fevereiro, acusado de desacatos, de obstrução e de aconselhar outros a cometerem atos de maldade e intimidação. Barber é co-acusado com a também organizadora Tamara Lich, e o julgamento deve acontecer no próximo ano.