Imprevistos absolutos

Correio da Manhã Canadá

Os dias têm sido de emoções à flor da pele, tanto em Portugal, como no Canadá, com a pandemia sempre em pano de fundo. Em Portugal, o PS de António Costa protagonizou a surpresa absoluta, ao conquistar a maioria, também ela absoluta, nas legislativas. Enquanto isso, no Canadá, a capital foi este fim de semana palco de amplos protestos, com direito a aplausos do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ninguém esperava.

A política parece estar a fervilhar. É pelo menos esse o sentimento de muitos portugueses, que manifestaram consternação com os resultados eleitorais de domingo. Não eram muitos os que esperavam a maioria absoluta do PS, à terceira tentativa. Também não foram imensos os que anteciparam que o histórico CDS-PP ficaria fora do Parlamento, sem deputados eleitos. Para não falar do Chega, que é agora a terceira força política do país, num fenómeno que abre espaço aos discursos radicais de direita.

Entre imprevistos absolutos, um dado triste: apesar de ter baixado, a abstenção em território nacional (os resultados da emigração só são conhecidos daqui a uma semana) foi a terceira maior de sempre – 42%. Nas redes sociais, surgiram piadas amargas: “Se os boletins de votos fossem para raspar, a abstenção em Portugal não passava dos 5%”, pôde ler-se numa publicação, em referência à lotaria instantânea, também conhecida popularmente como ‘raspadinha’, mais mobilizadora dos portugueses do que um ato cívico de tamanha importância.

São tempos de mudança em Portugal, com novas forças, como a Iniciativa Liberal, a ganharem terreno, e propostas antigas, não só à direita, mas também à esquerda, a perderem força. Entre as várias perguntas que pairam no ar, destaque para quem será o sucessor de Rui Rio, que já sugeriu que está de saída da liderança do PSD, ou para quem vai reerguer o exaurido CDS-PP, agora que Francisco Rodrigues dos Santos anunciou a sua demissão.

O Canadá vive, em simultâneo, momentos conturbados. Há dias que a contestação das regras de vacinação na fronteira com os Estados Unidos faz manchetes, tendo atingido o auge no fim de semana, com protestos em Ottawa. Enquanto milhares se manifestam, o Parlamento retoma a atividade, com o primeiro-ministro em isolamento, na sequência do teste positivo à Covid-19.

Face a tantas notícias fortes, quais serão os próximos episódios? É difícil dizer, em dias de imprevistos absolutos.