
O caso é considerado um dos maiores processos antimáfia julgados nos últimos anos na China e terminou esta sexta-feira com cinco condenações à morte, entre as quais a de um ex-milionário alegadamente ligado a influentes figuras políticas do país.
Liu Han de 49 anos era o antigo presidente de um próspero consórcio da província de Sichuan, que chegou a ocupar o 230.º lugar na lista dos homens mais ricos da China, foi condenado à morte pelo Tribunal de 1ª Instancia de Xianning, juntamente com um irmão, Liu Wei, e três outros arguidos.
Outros cinco arguidos foram também condenados à morte, mas com pena suspensa por dois anos, sentença que habitualmente é comutada em prisão perpétua, e entre os restantes 26 do grupo, quatro foram condenados a prisão perpétua.
Ainda dois antigos oficiais da polícia e um ex-procurador acusados de pertencer ao gangue mafioso liderado por Liu Han e o seu irmão foram condenados a 16, 11 e 13 anos de prisão, respetivamente.
O gangue chefiado pelos irmãos Liu era uma organização criminosa, com uma hierarquia estabelecida e membros efetivos, que tiraram proveito de atividades criminosas e perpetraram múltiplos homicídios, assaltos, e detenções ilegais, conclui o tribunal.
O ex-delegado à Conferência Política Consultiva do Povo Chinês em Sichuan, sudoeste da China, Liu Han era presidente do Hanlong Group, consórcio criado em 1997, que englobava dezenas de companhias, com negócios na exploração mineira, eletricidade, energia, finanças, imobiliário e outros setores.
Sichuan é uma das mais populosas províncias chinesas, com cerca de 85 milhões de habitantes, e também a base de Zhou Yongkang, um antigo membro do Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês que estará ser investigado por corrupção.
Conhecido outrora como “Czar da segurança”, Zhou Yongkang, 72 anos, controlou o aparelho policial e judicial da China até se reformar, em novembro de 2012, altura em que uma nova geração de quadros, liderada pelo atual presidente Xi Jinping, assumiu a chefia do PCC.
Vários familiares do antigo líder, incluindo um irmão e um filho que terá feito negócios com Liu Han, foram terão já detidos, disseram jornais do continente chinês, sem incriminarem o próprio Zhou Yongkang.
Um cientista político, Zhang Ming, considera que o veredito anunciado agora é uma preparação para o julgamento de Zhou Yongkang e se tal acontecer, será a primeira vez que um membro do Comité Permanente do Politburo do PCC – a cúpula do poder na China, constituída apenas por sete elementos – irá sentar-se no banco dos réus por corrupção.
O novo secretário-geral do PCC, Xi Jinping, prometeu que o combate à corrupção, considerado “uma questão de vida ou de morte” para o partido, visaria “tanto as moscas como os tigres”, numa alusão aos quadros dirigentes que abusam do poder para proveito próprio ou de amigos e familiares.
Mais de 80 funcionários, nove dos quais com categoria igual ou superior a vice-ministro, foram investigados nos últimos dez meses por suspeita de corrupção, anunciou no mês passado a Comissão Central de Disciplina do PCC.