

Cavaco Silva tinha garantido “não dizer “nem mais uma palavra” e “ignorar aqueles que o atacam de forma desonesta ”na questão do BPN, mas ontem quebrou o silêncio para responder ao antigo Presidente da República Mário Soares, que na quarta-feira questionou: “Por que é que o Presidente da República não é julgado?”.
Numa declaração escrita enviada à Lusa, Cavaco Silva diz que a questão foi esclarecida em devido tempo e que a sua relação com o BPN foi apenas de depositante. “Devia saber que esclareci, em devido tempo, que nunca tive qualquer relação com o BPN ou com as suas empresas, a não ser a de depositante para aplicação de poupanças, quando era professor universitário”, escreveu Cavaco, revelando que teve com Mário Soares uma conversa particular sobre o assunto: “Esqueceu mesmo o esclarecimento que, pessoalmente, lhe foi prestado”.
A questão da ligação de Cavaco Silva ao caso BPN/SLN tem sido comentada desde 2008, e depois mais intensamente a partir de 2009, ano em que foram revelados documentos relativos à venda das ações da SLN (holding que geria o BPN] do Presidente e da sua filha, Patrícia.
O chefe de Estado, que hoje está no Panamá para participar na Cimeira Ibero-Americana, sublinha que Mário Soares, de 88 anos, “é uma personalidade a quem todos os portugueses devem estar reconhecidos pelo papel que desempenhou na consolidação da nossa democracia. “Trata-se, além disso, de um antigo Presidente da República, que, apesar de ter cessado funções há muitos anos, deve continuar a merecer o nosso respeito”, acrescenta o atual chefe de Estado. E, por fim, remata: “Pela minha parte, tudo farei para preservar a dignidade devida à instituição Presidência da República. Por isso, de mim nunca ouvirão afirmações como as que foram proferidas pelo Dr. Mário Soares”.