

O pedido de desculpa de Rui Machete a Angola fragilizou a posição de Portugal em Luanda. Fontes diplomáticas na capital angolana dizem ao CM que a atitude do ministro dos Negócios Estrangeiros “demonstrou fraqueza”. Mais: “As reações que se seguiram em Portugal às desculpas de Machete aumentaram uma tensão já existente e provocaram a resposta de ontem do presidente ”angolano.
José Eduardo dos Santos afirmou que “só com Portugal as coisas não estão bem”. “Têm surgido incompreensões ao nível da cúpula, e o clima político atual reinante nessa relação não aconselha à construção da parceria estratégica antes anunciada”, disse, em Luanda.
As declarações do presidente angolano, que acontecem pouco mais de uma semana depois de conhecido o pedido de desculpa sobre as investigações do Ministério Público português a altas individualidades angolanas, colocam em causa a primeira cimeira bilateral entre Portugal e Angola, prevista para fevereiro de 2014, em Luanda, e que contaria com a presença do Presidente da República, Cavaco Silva.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros emitiu um comunicado no qual afirma “surpresa” com as afirmações de Eduardo dos Santos. “O Governo reitera a importância que tem atribuído e continua a atribuir ao bom relacionamento” com Angola.
O investimento angolano em Portugal tem vindo a crescer. Só Isabel dos Santos e a Sonangol têm participações em empresas cotadas na Bolsa portuguesa avaliadas em quase 3,2 mil milhões de euros. Os empresários angolanos marcam presença em setores
Estratégicos como a Banca (BPI e BCP), a energia (Galp) e as telecomunicações (Zon-Optimus).
O angolano António Mosquito, por exemplo, é o novo acionista maioritário da construtora Soares da Costa, sendo apontado como um dos investidores da Controlinveste.