MEMÓRIAS HISTÓRICAS CONDICIONAM FIM DA CRISE POLÍTICA EM MOÇAMBIQUE — FILÓSOFO

LusaMaputo, 12 jun (Lusa) — O filósofo moçambicano Severino Ngoenha defende que as forças dominantes continuam agarradas a memórias históricas e a pseudo-estatutos que impossibilitam as conversações para ultrapassar a crise política e militar em Moçambique, classificando as negociações restabelecidas de “diálogo de surdos”.

“Estamos perante um diálogo de surdos”, lamentou, em entrevista à Lusa, o reitor da Universidade Técnica de Moçambique, observando que a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior força de oposição, estabeleceram pré-condições que impossibilitam as negociações.

Num momento em que as conversações foram restabelecidas, depois de terem sido paralisadas com a retirada da Renamo, que alegou falta de progressos e de seriedade, Severino Ngoenha entende que o processo negocial entre as partes está refém da “memória histórica” da Frelimo, que reclama a posição de movimento libertário, e do “pseudo-estatuto” da Renamo, que se afirma como o “trazedor da democracia em Moçambique”.