

Triste e cinzento como o tempo na rua, assim era ontem o ambiente na sede nacional do PSD, na rua de S. Caetano à Lapa, em Lisboa. Depois de horas reunido com o núcleo duro do partido, às 23h25 Passos Coelho reconheceu o “resultado claramente negativo a nível nacional” do PSD e a “vitória muito significativa” do PS nas eleições autárquicas.
O líder social-democrata falou mesmo de “um dos piores resultados ao nível daqueles dos anos 80 e 90”, falando numa “derrota eleitoral nacional”.
Já como primeiro-ministro, Passos sublinhou que “estas eleições eram eleições autárquicas, não eleições nacionais”, mas têm uma leitura nacional, acrescentando que irá, ainda assim, continuar o caminho para “recuperar a possibilidade de Portugal voltar a crescer”. Um caminho que foi seguido pelos candidatos autárquicos do PSD, que não terão cedido “ao populismo” e mantiveram “os pés bem assentes naterra”. É com esses mesmos“ pés assentes na terra” que o Governo irá manter as suas políticas, com “sacrifícios para o futuro”. “É esse o caminho que irei continuar a seguir”, garantiu Passos, concluindo: “É merecida uma palavra de conforto a todos aqueles que disputaram eleições em condições muito desfavoráveis.”
Ao longo da noite, vários dirigentes do PSD passaram pela sede nacional, mas mantiveram-se em silêncio. Um silêncio incómodo que só foi interrompido depois das 20h00 pelo porta-voz e grande responsável pela campanha autárquica, Marco António Costa, o primeiro a dar a cara quando já se desenhava uma derrota do PSD. O ex-secretário de Estado da Segurança Social preferiu não fazer leituras nacionais dos resultados. Marco António foi, aliás, o primeiro a chegar à sede laranja, pelas 18h42, seguido de Jorge Moreira da Silva, às 19h00. Vinte e dois minutos depois, chegaria a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque. Os três fizeram parte do núcleo duro que se reuniu com o líder, Pedro Passos Coelho, além do ministro da Administração Interna, Miguel Macedo.