

A serra do Caramulo “está para os bombeiros – “somos carne para canhão. Quando acaba este inferno?”, desabafou ao CM um comandante operacional, em lágrimas, minutos depois de cinco bombeiros de Carregal do Sal e três militares do GIPS da GNR terem sido cercados pelo fogo e engolidos por um tornado de chamas provocado pelo efeito chaminé – apanhados por uma mudança de direção do vento.
A jovem Cátia Pereira Silva, de 21anos, fugiu para o sítio errado e tombou para o fogo, morrendo intoxicada. Os sete homens escaparam mas ficaram feridos – quatro deles em estado grave, com prognóstico reservado.
Ontem, os mais de 350 incêndios do dia provocaram uma morte e 12 feridos. Além dos jovens de Carregal do Sal, ficaram ainda feridos quatro bombeiros de Famalicão da Serra (Guarda) e um outro de Valença.
Desta vez, a morte bateu à porta do quartel de bombeiros de Carregal do Sal. A equipa saiu manhã cedo para o “inferno do Caramulo”. Às 11h30, deu-se a tragédia. “Ai a minha filha, que me deixou”, gritou, em desespero, Teresa Dias, mãe da jovem bombeira, que teve uma crise de pânico e foi assistida por bombeiros e uma equipa do INEM. “A Cátia era uma jovem cheia de sonhos, uma aventureira”, disse ao CM Maria Ferreira, familiar.
O choro e o desespero estenderam-se à população de Carregal do Sal e a familiares dos bombeiros feridos. “A paixão do meu filho era socorrer os feridos. Agora acontece-lhe isto”, diz António Cardoso, pai de Bernardo Cardoso, 18 anos, o bombeiro que está internado no Hospital da Prelada em estado muito grave. “Estou desesperada e muito aflita porque não sei nada do meu filho”, disse Teresa Pereira, mãe de Nuno Pereira, outro bombeiro ferido, de 21 anos. Bruno Correia, militar do GIPS da GNR, fugiu das chamas e abrigou-se numa gruta – sofreu queimaduras e um traumatismo craniano. Está em coma induzido. Dois outros militares sofreram ferimentos ligeiros.