UM ANO COMPLICADO PARA O GOVERNO LIBERAL

Correio da Manhã Canadá

Dúvidas não restam que 2020 vai trazer grandes desafios para o governo federal minoritário do Canadá. Há até quem diga, que o Ano Novo marca, também, a entrada numa das mais duras décadas para o país, em termos de geopolítica e unidade nacional. Das tensões com a China, ao impacto das presidenciais nos Estados Unidos, passando pelas metas ambientais ou o separatismo no Ocidente, muitos são os temas que vão, certamente, fazer “correr muita tinta” no universo político federal, no recém-inaugurado ano.

Ainda antes de entrarem em 2020, os liberais já experienciaram a sua primeira derrota no Parlamento. A 10 de dezembro, os partidos da oposição chumbaram a criação de um comité parlamentar dedicado às relações com Pequim, deixando claro que Trudeau deve continuar a trabalhar em prol da colaboração partidária. Apesar de ter sobrevivido à sua primeira “votação de confiança” nesse mesmo dia, o Partido Liberal vai, certamente, precisar da ajuda de, pelo menos, um partido da oposição, para fazer avançar a sua agenda no futuro.

Os cortes sobre os impostos de rendimento serão um dos assuntos em cima da mesa, em 2020. O tema foi, aliás, introduzido pelos liberais logo no primeiro dia do Parlamento, com a apresentação de uma moção que visa aumentar o valor dos rendimentos isentos para 15 mil dólares, até 2023. De acordo com o partido de Trudeau, a medida beneficia 20 mil canadianos, que assim vão poupar 300 mil dólares por ano.

As questões climáticas também prometem dar que falar. Neste contexto, é expectável que a expansão do oleoduto do TransMountain seja um dos assuntos mais fraturantes do espetro político, em 2020. Enquanto o premier de Alberta, Jason Kenney, continua a exigir a definição de um deadline para a conclusão do projeto, entre ameaças de separatismo, outros partidos, como o NDP ou o Green Party, opõem-se veementemente à expansão, alegando impactos ambientais profundos.

As polémicas políticas não se ficam por aí. A legislação relativa à morte medicamente assistida, a implementação nacional do plano de acesso a medicamentos, conhecido por Pharmacare, ou as regras de controlo de armas são outros temas que vão exigir do partido de Trudeau uma diplomacia acrescida, para colmatar as fragilidades características de um executivo sem maioria absoluta.