PORTUGAL SUMMIT

Correio da Manhã Canadá

O astrolábio é um instrumento naval que foi usado, desde a Grécia Antiga, para medir a altura dos astros acima da linha do horizonte. Mais tarde, já no século XV, foi inventado em Lisboa o astrolábio moderno e que, fruto de várias teorias matemáticas, passou a ser usado nas embarcações em posição vertical e sem sofrer oscilações com o balanço do barco, permitindo dessa forma o cálculo mais rigoroso de uma localização em alto mar.

O astrolábio português tornou-se num dos fatores mais imprescindíveis para os Descobrimentos portugueses e consequente desenvolvimento humano. Foi um avanço tecnológico de extrema importância, uma vez que a partir dessa invenção foi possível permitir todas as orientações, tanto no hemisfério norte, como no hemisfério sul. Até então, os navegadores só obtinham cálculo de localização a partir da estrela polar, que não é visível no hemisfério sul.

Foi, precisamente, um astrolábio português que foi oferecido, na semana passada, a Paddy Cosgrave, o fundador da Web Summit, na abertura da maior conferência de tecnologia e inteligência artificial do mundo, e que pelo segundo ano consecutivo se realizou em Lisboa. Para o ano também já está garantida a realização deste evento na capital portuguesa. Tudo começou na Irlanda, em 2010, com 400 participantes, mas desde o ano passado, Lisboa passou a ser a cidade preferida.

A capital portuguesa está, assim, transformada no centro da inovação, dos descobridores e investidores, dos engenheiros e programadores, dos que inventam e ditam as regas do futuro. Mais de 60 mil pessoas, oriundas de todos os continentes, passaram pela Web Summit, entre investigadores anónimos e gente com capacidade de influenciar o mundo. Todos na mesma cidade, partilhando estudos e experiências que vão no futuro orientar a vida do cidadão comum.

Lisboa já é o local das oportunidades, onde os melhores cérebros se juntam de forma a colocar a inovação ao serviço da humanidade. Há 500 anos atrás, Lisboa foi a principal praça mundial para transação de especiarias oriundas do mundo que se estava a descobrir. Hoje, e fruto da melhor parceria entre inteligência e acolhimento, Lisboa passou a ser uma nova praça à escala mundial, onde se transacionam as melhores práticas do futuro.

A vida que conhecemos hoje está a ser reprogramada de tal forma, que pode vir a criar-se, em breve, o maior fosso entre gerações, já alguma vez vivido. A imaginação não tem limites e a realidade acompanha cada vez mais esses sonhos. Portugal parece estar na frente deste novo “comboio” das novas tecnologias. Como se sabe já é possível criar-se uma empresa através da internet, mas a novidade é que a partir de 2018, torna-se possível criarem-se empresas a partir de qualquer lado, com sede em Portugal. E, se os projetos forem considerados com potencial, os incentivos vão ao pormenor da concessão de visto rápido de residência.

Os objetivos estão traçados e a realidade está à vista. A Portugal, chegam cada vez mais jovens de todo o lado e altamente qualificados para, a partir de Lisboa, darem orientações ao mundo. Estamos perante uma nova geração de descobridores e cada qual com o seu “astrolábio”.

JP