Sabemos que o Canadá é dos países mais amigáveis no que diz respeito à imigração. E por isso, o editorial desta semana, é uma espécie de ‘Ode’ a este país que tanto acolhe e tanto dá. A população de portugueses registados no Canadá já ascende os 550 mil, o que corresponde a cerca de 2% da população canadiana (segundo os últimos registos de 2016). Porém, a presença lusa neste país começou no início do século XVI. Mas é em 1953 que a imigração portuguesa ganha mais expressão no Canadá. É este o ano em que uma significativa comunidade de portugueses dá os primeiros passos, a muito custo, neste país de oportunidades.
Com muito suor, sangue, esforço e poder de encaixe, não admira que, 20 anos depois, em 1973, mais de 90 mil portugueses tenham entrado no Canadá e destes, mais de metade vieram dos Açores. Aqui sedimentaram raízes, tão fortes, que este casamento entre Portugal e o Canadá deu bastantes frutos (e diga-se, muita descendência). Neste Canada Day devemos celebrar também o que demos ao país. Passando ao lado de todo o tipo de publicidade, ora vejamos o rico contributo.
Introduzimos a tradicional comida portuguesa em diversos restaurantes. Abrimos as mais deliciosas padarias portuguesas, dezenas, e francamente concorridas, onde lá param portugueses em busca do pastel de nata e da bica (em contraste com os ‘baldes’ de café tipicamente norte-americanos) e onde param os nativos conquistados da forma mais doce possível. Trouxemos o vinho, os enchidos e o bacalhau. Temos as mais variadas associações portuguesas. ‘As Casas’. Representadas de norte a sul do país, incluindo as ilhas. Trouxemos os ranchos folclóricos, o fado, os Romeiros, os negócios à Dundas Street, e sempre que podemos, convidamos artistas portugueses a fazerem cá a festa. Somos parte da mão-de-obra que ergue as casas no país, tijolo a tijolo, com a força da imigração. Bem, enchia um jornal a falar do contributo português no Canadá.
Por isto, neste Canada Day, é importante comemorar o Dia do Canadá, perceber as origens e mais do que isso, temos de agradecer a este país, tão diferente daquele ‘cantinho à beira mar plantado’. Este deixou-nos“plantar”, para mais tarde colhermos os frutos. Somos um pequeno Portugal no Canadá. E tal só foi possível num país como este, que não só acolheu o nosso “little Portugal”, mas os “littles” de todo o mundo. E quando o nosso país não nos deu a oportunidade de prosperarmos, foi o Canadá que nos estendeu a mão. E olhem que foi bem estendida.