VAI COMEÇAR O ANO

A palavra globalização entrou nas nossas vidas com relativa facilidade. As novas tecnologias trouxeram novos hábitos, aproximaram ainda mais os povos e impuseram, de certa forma, uma nova ordem mundial. Mas uma coisa é certa, apesar das aproximações e semelhanças, continuamos todos muito diferentes e com culturas distantes. E para melhor avaliarmos este princípio basta concentrarmo-nos no início do ano.

Por aqui, sabemos que estamos na última semana de 2015 e preparamo-nos para receber o ano novo. Mas ao contrário do que muita gente pensa, esta celebração não é universal. Há calendários para todos os gostos, como o Hindu, o Chinês, o Babilónico, o Hebraico, o Islâmico, o Iraniano, para citar só alguns. E até o calendário Ocidental não é coincidente, pois nós alinhamos pelo Gregoriano e os cristãos ortodoxos pelo Juliano.

A nossa tradição tem origem romana. Foram eles que criaram o calendário, de janeiro a dezembro, 700 anos antes de Cristo. Eles acreditavam em vários deuses e celebravam a passagem do ano com uma festa dirigida ao passado e em simultâneo a pensar no futuro. Nessa época ainda não havia cristãos e eram os judeus, que acreditavam num só Deus, que conviviam com os romanos. Ao contrário dos romanos, nunca celebraram a data e o mesmo se passou mais tarde com os cristãos, também monoteístas.

Foi o Papa Gregório XIII que impôs um novo calendário e cuja aceitação por diversos povos demorou mais de três séculos. Portugal foi, a par da Espanha, dos primeiros a adotá-lo, mas a Alemanha e a Inglaterra, por exemplo, só o fizeram no século XIX e muitos outros países ainda depois, como são os casos da Grécia e da Turquia, somente há 100 anos.

Esta tradição foi-se espalhando pelo mundo através da expansão da cultura ocidental. Primeiro através das descobertas e depois pela ocupação territorial. Os portugueses e outros povos ocidentais chegaram a todo o lado e impuseram as suas ordens. Mas não foi suficiente para se unificar esta celebração. O continente asiático é o melhor exemplo, uma vez que o calendário chinês não coincide com nenhuma data ocidental e muito menos a Índia, para citar apenas os dois países mais populosos. A China regula o seu calendário pela Lua, os meses não têm nomes e cada ano é caracterizado por um dos 12 animais que compõem a astrologia oriental e que segundo a tradição foram os que responderam à chamada de Buda. O próximo ano chinês só começará no nosso 8 de fevereiro e as compensações lunares, para tudo bater certo, são feitas de quatro em quatro anos. Tal como nós fazemos com o 29 de fevereiro, acrescentando um dia ao calendário em cada quatro anos. Na Índia, o ano começa com o equinócio da Primavera.

Há uns que ainda vão no ano 1436, como é o caso do calendário islâmico, e outros que assinalam o ano de 5775, de acordo com a tradição judaica. Pelo meio, os chineses celebram o ano de 4713. Perante tamanha diversidade, resta-nos assinalar a nossa data com votos de muita saúde, muitos sucessos e paz para o novo ano de 2016.

A Direção