
Bruxelas, 05 nov 2025 (Lusa) – Os Estados-membros da União Europeia não chegaram a acordo sobre metas para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa até 2035 e os ministros do Ambiente voltam a reunir-se hoje.
“As negociações continuaram durante a noite. Os ministros voltam a reunir-se amanhã [quarta-feira] por volta das 09:00 [08:00 em Lisboa]”, disse um porta-voz do Conselho da União Europeia (UE) à imprensa.
Os ministros têm de concordar, de forma unânime, com a redução das emissões até 2035 — uma meta que a ONU tem vindo a exigir há meses — e, por maioria qualificada, com uma lei climática da UE para 2040.
A pressão aumenta ainda mais com a presença esperada de líderes mundiais no Brasil na quinta e sexta-feira, antes da Conferência das Nações Unidas para o Clima COP30, que começa a 10 de novembro em Belém.
Não chegar a acordo sobre a meta para 2035 antes da cimeira de Belém seria um desastre diplomático para a Europa, alertou a ministra da Transição Ecológica francesa, Monique Barbut.
“As discussões são muito difíceis”, reconheceu um diplomata, na noite de terça-feira, citado pela agência de notícias France-Presse.
A Dinamarca, que detém a presidência rotativa da UE, está a tentar convencer a Itália, um dos países mais relutantes.
Os 27 Estados-membros não aprovaram a meta proposta pela Comissão Europeia de reduzir as emissões em 90% até 2040 face aos níveis de 1990. A UE tinha atingido uma redução de 37% em 2023.
A decisão “precisa de ser tomada”, insistiu o ministro alemão com a tutela do Ambiente.
“Quero que os nossos chefes de Estado e de Governo vão para o Brasil com um mandato muito forte, um papel de liderança claro para a Europa”, acrescentou Carsten Schneider.
A Espanha, os países escandinavos e a Alemanha apoiam o objetivo da Comissão. Mas não a Hungria, a Polónia, a República Checa ou a Itália, que o veem como uma ameaça às suas indústrias.
A França, por sua vez, exigiu sucessivamente garantias para a energia nuclear, financiamento para indústrias limpas e, em seguida, um “travão de emergência” para ter em conta as incertezas sobre os reservatórios de carbono (florestas e solos), numa altura em que o estado das florestas se está a deteriorar na Europa.
As negociações centram-se em medidas de flexibilidade, incluindo a possibilidade de adquirir créditos de carbono internacionais para financiar projetos fora da Europa.
No início de julho, a Comissão Europeia propôs a inclusão de até 3% destes créditos de carbono na meta de redução de emissões de 90%.
Mas vários países, incluindo Itália e França, querem uma participação de 5% nos créditos internacionais como condição para adotar a meta de 2040.
Alguns Estados têm também exigido uma revisão a cada dois anos da lei climática, o que permitiria ajustes caso as metas se revelem demasiado difíceis de alcançar.
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