UM PRESIDENTE DIFERENTE

Marcelo é o novo Presidente da República Portuguesa, eleito à primeira volta, com larga vantagem sobre os demais e vencedor em todos os distritos. Marcelo Rebelo de Sousa vai ocupar a cadeira do poder durante os próximos cinco anos e, seguramente, vai exercer o cargo de forma bem distinta dos anteriores Presidentes. A sua forma de pensar e executar são diferentes e o ritmo que irá imprimir em todas as relações da vida política portuguesa irá surpreender positivamente todos, talvez mesmo os que não votaram nele.

Marcelo começou por ser diferente ao avançar para esta candidatura sem qualquer apoio partidário. Fez uma campanha sem bandeiras, sem comícios, sem imagens na rua, sem máquinas partidárias e multidões atrás de si. Quem o quisesse ver e observar teria de se deslocar a sítios mais intimistas, onde de uma forma muito clara expunha as suas linhas orientadoras. Gastou 15 vezes menos do que qualquer outro Presidente anterior nas despesas das suas campanhas. Mesmo agora, gastou quase dez vezes menos do que o candidato que ficou em segundo lugar.

Marcelo foi e vai ser um Presidente cirúrgico. Ao contrário de todos os anteriores vai entender e fazer-se entender com os portugueses. A sua enorme capacidade de comunicação tornará as coisas mais claras, tornando-se o Presidente mais próximo das pessoas. Durante muitos anos entrou nas casas de todos através do seu comentário político na televisão. A sua forma de fazer análise política era diferente, porque todos o ouviam e mesmo os seus opositores o citavam quando achavam necessário.

Marcelo é militante do PSD e, seguramente, continuará a sê-lo. Mas isso nunca o impediu de criticar o seu próprio partido nas alturas mais críticas. Os seus exames e comentários exemplares levaram o líder do seu partido a considerá-lo um catavento. Toda a oposição se quis valer disso para derrotá-lo nestas eleições. Mas o povo foi mais soberano e não se deixou levar pelas cantigas tradicionais dos políticos sem carácter e preferiu a lucidez e transparência de Marcelo.

Marcelo vai sentar-se na cadeira do poder a partir de março. Todos sabemos que não vai governar, mas as suas funções dão-lhe toda a legitimidade para poder influenciar o poder da governação. E nisso ele é exímio, talvez mesmo melhor do que se governasse. Agora pode fazer verdadeiros exames à atuação de governantes e parlamentares, e chamar à barra os seus responsáveis. É um verdadeiro representante do povo português e tem conhecimentos mais que suficientes para exercer o cargo para que foi eleito.

Marcelo anunciou já que é hora de refazer Portugal e isso pode não ser tão difícil como à partida pode parecer. É uma questão cultural e de vontades e os portugueses têm essas capacidades. Basta serem bem orientados e no que toca à Presidência da República, já temos um Presidente diferente.

A Direção