UM PORTUGUÊS PARA O MUNDO

António Guterres chegou ao topo do mundo. De forma imbatível e imparcial convenceu as nações mais influentes a concederem-lhe o voto para ocupar o cargo de secretário geral das Nações Unidas, a partir de 1 de janeiro de 2017 e para um mandato de 5 anos.

Na nossa edição do passado dia 9 de fevereiro, já tínhamos feito referência a esta eleição e, nomeadamente, sobre as dificuldades que a candidatura de Guterres iria encontrar. Falava-se que o próximo secretário geral da ONU deveria ser uma mulher e proveniente do leste europeu. E de facto, à última da hora, apareceu essa candidata, Kristalina Georgieva, da Bulgária, apoiada pela Comissão Europeia, com especial destaque para a Alemanha. Também se falou no apoio da Rússia, mas o certo é que o português António Guterres mereceu a aprovação do mundo por unanimidade e com aclamação, como nunca se vira em eleições anteriores.

Agora as expetativas são enormes, uma vez que a ONU tem estado ausente, nos últimos anos, dos grandes conflitos da atualidade. O ainda secretário geral Ban Ki-moon preocupou-se sempre mais com o desenvolvimento e esqueceu os conflitos. As Nações Unidas centraram muito das suas atenções em torno dos interesses dos Estados Unidos, Inglaterra e França.

A partir do próximo ano há a esperança que o mundo se volte a preocupar em encontrar soluções para os conflitos no Médio Oriente, na Síria, em África, na Ucrânia, na Coreia do Norte, só para citar alguns. De facto, os refugiados que ensombram, especialmente, a Europa, não têm merecido a resolução mais adequada. A Europa ainda não tem uma só voz e os acordos e negociações entre Estados da União Europeia nem sempre são fáceis.

Aliás, nesta votação, embora a Europa esteja de parabéns por ver um cidadão europeu ser o preferido do mundo, mostrou muita divisão e falta de sentido de união. A ONU ainda existe tal como foi criada em 1945, refletindo os interesses e as forças do pós-guerra. Por isso a União Europeia não está diretamente representada, mas foi público e notório o apoio que o próprio presidente da
Comissão Europeia emprestou a outro candidato, que não António Guterres.

É bom relembrar que António Guterres preparou esta nomeação com múltiplos cuidados e mereceu todo o empenho da diplomacia portuguesa, incluindo todos os órgãos de soberania e partidos políticos, o que revelou um verdadeiro sentimento português, como há muito não se via.

A experiência de Guterres na ONU não começou agora. Até final de 2015 foi o Alto Comissário para os Refugiados e já nessa qualidade se destacou pela eficácia demonstrada. Agora que ficou a saber que a partir de 1 de janeiro de 2017 assumirá o novo cargo de moderador do mundo, Guterres anunciou que será com muita humildade que irá enfrentar os dramas do mundo moderno.

A Direção