TURQUIA: OCIDENTE OU ORIENTE?

A Turquia é um país euro-asiático, mas embora muito mais asiático em espaço territorial, a sua política e enquadramento geoestratégico sempre estiveram mais virados para o lado ocidental e a sua grande ambição, das duas últimas décadas, foi a aproximação e integração no espaço europeu. A Turquia é uma consequência do desmembramento do império otomano, que foi colapsado durante a I Guerra Mundial.

A moderna República da Turquia foi fundada em 1923, sob a égide do seu primeiro presidente Kemal Atatürk, considerado o pai da independência. Embora a religião predominante seja o islão, a Turquia é um país laico e, nesse sentido, tem sabido viver e merecido o respeito das várias organizações internacionais.

O apoio norte americano é forte. A Turquia aderiu à NATO em 1952, mas mantém um clima de forte tensão com a vizinha Grécia, o que dificulta, na maioria dos casos, as melhores relações com o resto da Europa e o mundo ocidental. A Turquia intitula-se uma democracia representativa parlamentar, mas está a um passo de se transformar num regime presidencialista, em resultado da recente tentativa de golpe de Estado, que fracassou.

Em resultado das políticas, entretanto, adotadas, a União Europeia suspendeu, temporariamente todas as negociações, por decisão do Parlamento Europeu. A Turquia pretende aderir à União Europeia desde sempre. Depois de múltiplas tentativas, as negociações técnicas começaram em 2005 e têm-se arrastado sem soluções à vista.

O Ocidente precisa da Turquia como força aliada e de tampão ao que se passa no Leste e no Oriente, mas sente-se que este convívio tem pouco de natural e muito de conflituoso. Agora tudo se questiona e vive-se sob uma política de ameaças com milhões de refugiados pelo meio.

Na Turquia vivem perto de 4 milhões de refugiados desejosos de pisarem solo europeu. O governo de Ancara tem aguentado esta situação a troco de dinheiro, mas de vez em quando faz chegar a mensagem que pode permitir a invasão da Europa, abrindo as fronteiras de saída a toda essa gente. Os responsáveis em Bruxelas percebem, cada vez menos, o que pretendem os turcos e o que se sabe é que o Presidente Erdogan está neste momento muito mais próximo de uma aliança com o Pacto de Xangai (China, Rússia, Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão e Uzbequistão) do que, propriamente, com a União Europeia.

Chantagem ou não, o certo é que a próxima Administração americana de Donald Trump vai ser chamada para interferir na condução deste processo. A Turquia é a segunda maior força armada permanente da NATO e entre os valores lançados pela União Europeia de Democracia e Direitos Humanos e os interesses norte americanos no equilíbrio de forças, alguma coisa vai acontecer. Talvez o maior erro cometido pela Europa foi ter travado ou gerido mal as ambições europeístas dos turcos e com tanta dúvida e questões tê-los “empurrado” para o outro lado, onde não se fala de Democracia e Direitos Humanos.

A Direção