TRABALHADORES DAS MISERICÓRDIAS EM GREVE PROTESTAM FRENTE AO MINISTÉRIO DO TRABALHO

Lisboa, 15 out 2020 (Lusa) — Os trabalhadores das misericórdias, hoje em greve, concentraram-se à tarde em frente do Ministério do Trabalho, em Lisboa, para exigir aumentos salariais e o cumprimento dos horários de trabalho, num protesto apoiado pela CGTP.

Em declarações à agência Lusa, a secretária-geral da central sindical, Isabel Camarinha, afirmou que estes trabalhadores têm “salários de miséria” e deram tudo ao serviço dos utentes dos lares durante a atual pandemia de covid-19, sem que lhes tenham sido pagas horas extraordinárias por horários de 12, 13 e 14 horas, que tiveram de cumprir.

Na faixa que exibiu em frente ao Ministério, o CESP, em representação dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços, exigiu “o direito à vida familiar e pessoal”.

A generalidade destes trabalhadores, na maioria mulheres, aufere o salário mínimo nacional (635 euros). A CGTP defende um salário mínimo nacional de 850 euros no curto prazo, sublinhou Isabel Camarinha ao dirigir-se aos trabalhadores concentrados na Praça de Londres, em Lisboa.

“Não podemos aceitar que trabalhadoras com 20, 25 e 30 anos de serviço recebam o salário mínimo”, defenderam dirigentes sindicais presentes no encontro.

Questionada pela Lusa sobre a adesão à greve de hoje, Isabel Camarinha indicou que a paralisação registou “uma grande adesão em todo o país”, embora à hora da concentração em Lisboa ainda não tivesse dados precisos disponíveis.

“É mesmo necessário o aumento do salário”, “É só cortar e roubar a quem vive a trabalhar” e “A luta não nos cansa, Avançar pela mudança” foram algumas das palavras de ordem entoadas pelos manifestantes, que aprovaram uma resolução com as reivindicações para entregar no Ministério.

Os trabalhadores pretendem que tanto o Governo como a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) atuem para que os horários sejam cumpridos nas instituições onde prestam serviço e que as carreiras sejam revistas e valorizadas.

Em cidades como Olhão e Guimarães realizaram-se concentrações no âmbito desta jornada de luta e, em Lisboa, decorreu também uma concentração junto à sede da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) durante a manhã.

“São trabalhadores que neste quadro de surto epidémico têm sido essenciais”, frisou Isabel Camarinha.

A dirigente sindical sublinhou igualmente que as instituições trabalham com um número muito reduzido de trabalhadores, o que obriga a uma sobrecarga, sem que as carreiras sejam valorizadas.

“O Governo não tido o papel que deve ter”, criticou, lembrando que o investimento nos serviços essenciais do Estado é fundamental para o desenvolvimento do país.

AH // HB

Lusa/fim