TECNICAMENTE E POLITICAMENTE

A democracia é o melhor sistema político, porque ainda não foi encontrado outro melhor. A frase é antiga e bastante actual.

A democracia proporciona, no entanto, cenários que encantam os polemistas e decepcionam os mais rigorosos. No fundo, nunca há rigor, porque as verdades são muitas; e as discussões por vezes caem em saco roto, porque conduzem a um certo vazio.

Os políticos deram lugar aos técnicos porque precisam deles. Depois os técnicos transformaram-se em políticos e, finalmente, encontramos soluções tecnicamente correctas mas imperfeitas do ponto de vista político e o mesmo se passa no sentido inverso.

Recentemente, grande polémica foi levantada porque um alto dirigente do PS pôs em dúvida a eficácia da ADSE, o serviço de assistência aos funcionários do Estado. Com certeza que as suas palavras foram enquadradas num cenário técnico. Senão estaria calado.

De seguida, outro alto dirigente do PS publicou na sua página de facebook, e disso tomou posição pública, que politicamente aquela ideia estava errada, porque muitos trabalhadores do Estado votam no seu partido e o que do ponto de vista técnico poderia parecer correcto, logo passou a incorrecto do ponto de vista político.

Assim, nunca iremos longe e, dificilmente, encontraremos o tal caminho do sucesso. Pois, se quem manda prometer o céu a toda a gente, porquê qualquer tentativa de esforço se alguém já pensou por nós e só fala daquilo que gostamos de ouvir? Situações destas são frequentes.

Os técnicos podem ter dúvidas e os políticos também se enganam. A tolerância faria bem aos dois lados e acrescida de uma boa dose de inteligência não se perderia nada.

Este é, afinal, o espaço da democracia, onde todos cabem e decidem para alguns e que, por sua vez, devolvem para todos o que sabem e o que não são capazes de fazer.

A Direção