Teatro São João não vai abdicar dos meios digitais no desconfinamento

Porto, 05 mar 2021 (Lusa) — O diretor artístico do Teatro Nacional São João (TNSJ), no Porto, Nuno Cardoso, afirmou hoje que os meios digitais permitiram “descobrir um outro palco” e que, apesar de ser um complemento ao teatro, “não abdicará” destes recursos no desconfinamento.

“Esta descoberta abriu um outro palco no São João, um palco de que dificilmente abdicaremos mesmo que desconfinados e que é um instrumento muito importante para chegarmos ao nosso público e para o fazermos voltar presencialmente ao teatro”, afirmou Nuno Cardoso.

Em declarações à agência Lusa, a propósito do fim das celebrações do centenário do TNSJ, que decorrem no fim de semana, o diretor artístico da instituição revelou que em cima da mesa está a possibilidade de virem a ser estudadas “futuras programações mistas”, isto é, programações ‘online’ e presenciais complementares.

“Mas sempre partindo do principio de que o ‘online’ oferece ao teatro uma complementaridade, não é o teatro”, salientou.

Ainda que este segundo confinamento esteja a ser “sublinhado por uma certa tristeza” está a ser, em comparação com o primeiro, “mais tranquilo”.

“Já tínhamos desencadeado todos os meios e não tínhamos abdicado desses meios”, afirmou Nuno Cardoso, acrescentando que o TNSJ está preparado para “acolher o público da maneira mais segura e proveitosa possível”.

“Estamos preparados, como estávamos no anterior confinamento, para iniciar um período de portas verdadeiramente abertas. Agora, também temos consciência e queremos que esse período se inicie com a maior tranquilidade e segurança possível”, salientou.

Questionado sobre um balanço da companhia “quase” residente do TNSJ, mesmo com o impacto da pandemia, Nuno Cardoso afirmou que se trata de “uma aposta ganha”.

“A companhia quase residente é uma aposta ganha do São João, é uma aposta que tem de ser sempre gerida e defendida com cuidado, mas é o que nos permite toda esta viabilidade e extensão que temos para tocar em públicos”, salientou, acrescentando que a companhia permitiu manter as digressões nacionais e internacionais, bem como “o constante diálogo com as escolas”.

Para assinalar o fim das comemorações do centenário do edifício-sede, o TNSJ tem preparadas várias iniciativas ‘online’, entre as quais a estreia de “À Espera de Godot”, do encenador multipremiado Gábor Tompa, marcada para as 19:00 de domingo.

Esta produção própria é uma das iniciativas de um programa virtual de dois dias que arranca sábado às 18:00, com uma conversa sobre o espetáculo “Exatamente Antunes” e termina domingo às 22:00 com “O Balcão”, espetáculo encenado pelo diretor artístico do TNSJ, Nuno Cardoso.

“A 07 de março [domingo] assinalamos simbolicamente o fim do centenário do Teatro São João, mas o centenário não acaba aqui. Uma efeméride é um jogo sem fronteiras: até ao final de 2021 haverá ainda uma exposição, um colóquio internacional e alguns volumes dos Cadernos do Centenário”, descreveu o TNSJ esta semana.

A instituição – que soma ao TNSJ o Teatro Carlos Alberto (TeCA) e o Mosteiro de São Bento da Vitória – convida, ainda, os interessados a instalarem-se na “sala virtual” e a sintonizarem a RTP 2, que, no sábado, às 22:00, transmite “Exatamente Antunes”, de Jacinto Lucas Pires.

A peça parte do romance “Nome de Guerra”, de Almada Negreiros, e tem como encenadores Cristina Carvalhal e Nuno Carinhas, bem como realização de Pedro Filipe Marques.

O programa de conversas, entrevistas, documentários e espetáculos inclui um convite para uma visita guiada ao TNSJ através de um documentário de Luís Porto que dá a conhecer o edifício centenário, no domingo às 08:00.

No mesmo dia segue-se a apresentação digital de “Válvula”, às 10:00, uma criação de António Jorge Gonçalves e Flávio Almada que se “situa algures entre a conferência e o concerto, articulando palavras, desenhos e canções”.

Às 16:00 são “servidas” três ceias natalícias, através das quais vão ser conhecidas as vidas de três casais disfuncionais em “Comédia de Bastidores”, de Alan Ayckbourn, com encenação de João Cardoso e Nuno Carinhas.

Os bilhetes para os espetáculos têm o valor de dois euros.

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