Taiwan pede maior inclusão mundial em discurso inédito no Parlamento Europeu

Bruxelas, 08 nov 2025 (Lusa) — A vice-presidente de Taiwan, Hsiao Bi-khim, apelou a uma maior inclusão da ilha nas organizações internacionais, onde disse ter sido “injustamente bloqueada” pela China, no primeiro discurso de um governante taiwanês no Parlamento Europeu.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan confirmou que Hsiao esteve no Parlamento Europeu com o chefe da diplomacia taiwanês, Lin Chia-lung, para a sessão anual da Aliança Interparlamentar sobre a China (IPAC, na sigla em inglês).

Esta organização realçou que nunca antes um alto funcionário taiwanês tinha discursado num parlamento de um território com o qual não mantém relações oficiais.

Fundada em 2020, a IPAC é um grupo internacional de parlamentares que, preocupados com os desafios que a China representa para as democracias, promovem campanhas e legislação em vários países para “impedir a infiltração política e económica” do gigante asiático.

No seu discurso, Hsiao afirmou que a cimeira do IPAC “é mais do que um fórum europeu, é um momento global” e sublinhou que “a Europa defendeu a liberdade sob ataque, e Taiwan defendeu a democracia sob pressão”.

“A estabilidade no Estreito de Taiwan não é apenas uma questão regional, é um pilar da prosperidade global. (…) Taiwan importa não porque sejamos vítimas de coerção, mas porque a integridade do sistema internacional e a prosperidade global dependem de um Taiwan livre”, sublinhou.

Hsiao recordou o papel da empresa holandesa Philips na fundação daquela que é atualmente a maior fabricante de semicondutores do mundo, a TSMC, e o estatuto da Europa como principal fonte de investimento direto para Taiwan, enfatizando o interesse no desenvolvimento de setores como a farmacêutica, energia, defesa, inteligência artificial e telecomunicações.

“Não queremos apenas sobreviver. Queremos que as democracias floresçam”, insistiu, depois de denunciar a “crescente pressão militar (…) da China”.

A vice-presidente solicitou aos membros do IPAC apoio para expandir a cooperação comercial e tecnológica, garantir que a população está preparada para conflitos ou desastres, manter a paz no Estreito de Taiwan e a inclusão em organizações como a Organização Mundial de Saúde, a Organização da Aviação Civil Internacional e a Interpol.

“Não se trata de favores, mas sim de parcerias construtivas. Um Taiwan mais forte significa um Indo-Pacífico mais estável, e um Indo-Pacífico mais estável significa um mundo mais seguro”, acrescentou.

Em 1949, após a fundação da República Popular da China e a vitória dos comunistas de Mao Tsé-Tung na guerra civil, os nacionalistas de Chiang Kai-shek fugiram para a ilha de Taiwan, que desde então é autogovernada.

Pequim considera Taiwan uma “parte inalienável” do território chinês e não descarta o uso da força para alcançar o que descrevem como a “reunificação” da ilha, um objetivo do líder chinês Xi Jinping.

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