Tailândia diz que fará ações militares na fronteira com Camboja “sempre que necessário”

Banguecoque, 08 dez (Lusa) — O primeiro-ministro tailandês, Anutin Charnvirakul, disse hoje que o seu país vai lançar operações militares na fronteira com o Camboja “sempre que necessário”.

As afirmações foram feitas no contexto de confrontos na região, que deixaram um saldo preliminar de um soldado tailandês e de quatro civis cambojanos mortos, e de uma dezena de feridos de ambos os lados.

“Hoje, realizou-se uma reunião do Conselho de Segurança Nacional, na qual foi aprovada uma resolução que confirma que o governo irá realizar operações militares sempre que necessário, dependendo da situação, assim como qualquer outra ação considerada essencial”, disse Anutin em conferência de imprensa.

A declaração surge depois de as Forças Armadas da Tailândia terem lançado ataques aéreos contra alegados alvos militares ao longo dos cerca de 820 quilómetros da fronteira com o Camboja, o que acelerou a retirada de milhares de pessoas em ambos os lados da zona de conflito.

Embora o Camboja afirme que não disparou, apesar das “numerosas provocações” da Tailândia, Anutin reiterou que o seu país “nunca desejou a violência nem iniciou a agressão”, mas acrescentou que “não tolerará violações da sua soberania e responderá com razão, cautela e paz”.

“O governo está pronto para implementar todas as medidas necessárias para manter a segurança nacional, a soberania e a integridade territorial”, sublinhou.

O Camboja, por sua vez, acusa a Tailândia de atacar bairros e incendiar casas de civis.

O porta-voz do Exército tailandês, Winthai Suvaree confirmou, por seu lado, numa comunicação televisiva, que sete pessoas ficaram feridas no país em ataques que atribuiu a soldados cambojanos, e indicou que este número pode aumentar “à medida que os relatórios forem atualizados”.

Por sua vez, o ministro da Informação do Camboja, Neth Pheaktra, disse hoje que os confrontos na fronteira com a Tailândia causaram quatro mortos civis e uma dezena de feridos.

“Pelo menos, quatro civis cambojanos foram mortos em ataques tailandeses” nas províncias de Oddar Meanchey e Preah Vihear, disse o ministro em declarações à Agência France Presse (AFP).

Os actuais confrontos romperam o acordo de paz assinado pela Tailândia e pelo Camboja em outubro passado na Malásia, com a mediação do Presidente dos EUA, Donald Trump.

Em meados de novembro, Anutin suspendeu temporariamente o acordo de paz após trocas de tiros na fronteira, na sequência de um incidente com uma mina terrestre.

Banguecoque e Phnom Penh mantêm uma longa disputa territorial sobre a soberania de partes da sua fronteira comum, cartografada pela França em 1907, quando o Camboja era uma colónia francesa.

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