Sucessos ao espanhol e a um Brasil democrático

Correio da Manhã Canadá

Os portugueses que residem além-fronteiras procuram ser sempre bem recebidos pelo novo país que os acolhe. Acontece no Canadá e um pouco pelos países mais ricos do mundo, onde há um cidadão luso.

A comunidade é sempre requisitada para abraçar oportunidades fora de Portugal, pois o país ibérico sabe exportar a qualidade, a resiliência e a vontade de triunfar, mas também procura importar o mesmo que se envia para o exterior.

A Seleção Nacional, amada pelos portugueses, mas sobretudo pela diáspora, não conseguiu sacar os coelhos nacionais da cartola. Nem José Mourinho, nem Abel Ferreira ou até mesmo Jorge Jesus que fazem sucesso fora de portas foram os eleitos para substituir o titulado Fernando Santos. Foi preciso recrutar um ‘gentleman’ ao exterior. Roberto Martinez, o espanhol de 49 anos que saiu do comando técnico da Bélgica para dar de caras com Cristiano Ronaldo e companhia. Todos nós queremos que este novo imigrante atinja sucesso no comando da turma portuguesa. E começou bem.

Foi correto na apresentação aos portugueses. Foi cumprimentar os jornalistas um por um, no final da conferência. Respondeu sem medo e com bastante conhecimento acerca da realidade que iria encontrar. Assumiu não ter um currículo de sonho, mas que tem a ambição de o preencher com títulos daqueles que todos nós queremos: um Europeu, uma Liga das Nações e (porque não?) um Mundial.

Queremos o sucesso de Roberto Martinez. Nem seria justo que quiséssemos o contrário. Aqui no Canadá também nos quiseram, também nos deram as ferramentas para desenvolvermos o nosso ofício, também quiseram o nosso sucesso. Todos ganham, se assim for. E é por isso que, para já, Roberto Martinez, colhe mais apoio fora do que dentro de portas. É natural. Só nós é que sabemos.

Assim, Portugal volta a ter um estrangeiro a comandar a equipa de todos nós, depois dos brasileiros bem-sucedidos Luiz Felipe Scolari (finalista vencido do Euro 2004 e 4.º lugar no Mundial 2006) e Otto Glória (3.º lugar no Mundial de 1966). Sinal de que o que vem de fora tem qualidade.

Infelizmente, do país irmão, o Brasil, não chegam as melhores notícias. A comunidade brasileira no Canadá está atenta à invasão do Congresso por “bolsonaristas”. O mundo também. Em Portugal, fazem-se manchetes com o tema internacional.

A democracia do Brasil precisa de ser defendida a todo o custo. O primeiro-ministro português, António Costa expressou solidariedade ao presidente democraticamente eleito Lula da Silva, assim como o líder canadiano, Justin Trudeau. É a prova de que a comunidade internacional está ao lado da democracia.

E nós, enquanto jornalistas, estaremos sempre!