Seul investiga alegadas operações secretas do anterior governo contra Pyongyang

Seul, 05 dez 2025 (Lusa) — A Coreia do Sul anunciou hoje uma investigação sobre alegadas operações secretas de lançamento de panfletos de propaganda na Coreia do Norte, que terão ocorrido durante a presidência anterior do deposto Yoon Suk-yeol.

“Por ordem do ministro da Defesa [Ahn Gyu-back], estamos a conduzir uma investigação sobre os factos, visando os atuais e antigos comandantes do Comando de Guerra Psicológica”, confirmou o Ministério da Defesa sul-coreano à agência de notícias EFE.

Um testemunho de um oficial militar da divisão responsável pelas operações de propaganda contra o Norte, publicado na segunda-feira por um jornal local, refere que o comando realizou várias missões de lançamento de panfletos com recurso a balões, sem informar as unidades superiores, entre 2023 e 2024, durante a presidência de Yoon.

A confirmar-se, isto contradiria a versão dos factos do Governo anterior, que alegava que os panfletos lançados durante aquele período partiram de grupos de ativistas.

Isto implicaria também que Seul foi o autor de uma primeira provocação, antes de Pyongyang responder, enviando balões cheios de lixo.

O atual Presidente da Coreia do Sul, Lee Jae-myung, partilhou esta semana o testemunho de um soldado na rede social X, afirmando que o país esteve “à beira da guerra” devido a este tipo de medidas secretas, que procuravam justificar a imposição da lei marcial, implementada de forma breve em dezembro passado e que levou à demissão e detenção de Yoon.

Lee disse na quarta-feira, durante uma conferência de imprensa, que Seul poderia vir a oferecer um pedido oficial de desculpas a Pyongyang pelas tensões geradas pela alegada distribuição de panfletos pela anterior Administração.

A investigação cruza-se também com outro processo judicial aberto em novembro, no qual os procuradores acusaram Yoon de alegadamente ter autorizado em 2024 o uso de drones para lançar propaganda sobre Pyongyang, mais uma vez, na tentativa de obter uma resposta do regime norte-coreano e assim justificar uma imposição do estado de emergência na Coreia do Sul.

O uso de drones e lançamento de propaganda sobre Pyongyang levou a Coreia do Norte a apresentar uma queixa formal junto das Nações Unidas em fevereiro.

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