SECRETÁRIO PROPÔS MASCARAR DÍVIDA

Os secretários de estado Joaquim Pais Jorge e Hélder Reis, e a ministra Maria Luís Albuquerque
Os secretários de estado Joaquim Pais Jorge e Hélder Reis, e a ministra Maria Luís Albuquerque
Os secretários de estado Joaquim Pais Jorge e Hélder Reis, e a ministra Maria Luís Albuquerque
Os secretários de estado Joaquim Pais Jorge e Hélder Reis, e a ministra Maria Luís Albuquerque

O substituto de Maria Luís Albuquerque na secretaria de Estado do Tesouro propôs a venda de swaps tóxicos ao governo de Sócrates que permitiriam mascarar as contas. Joaquim Pais Jorge sugeriu em julho de 2005, quando era diretor do Citigroup em Portugal, ao executivo socialista a contratação de produtos swap que não seriam incluídos no cálculo do défice orçamental e da dívida pública, segundo documentos a que o CM teve
acesso. O PCP e BE pediram ontem a demissão do secretário de Estado do Tesouro. A solução apresentada ao gabinete de José Sócrates, segundo revelam os documentos, passava pela subscrição de três contratos swap ao Citigroup com base em derivados financeiros. Seria uma “solução para melhorar o ratio dívida/PIB em cerca de 370 milhões de euro sem 2005 e 450 milhões de euros em 2006”. A proposta salientava que “os Estados geralmente não providenciam (ao Eurostat) informação sobre o uso de derivados”, pelo que “os swaps serão, efetivamente, mantidos fora do balanço”, o que baixava artificialmente o défice. Envolvido nesta solução estava ainda Paulo Gray, à data diretor executivo do Citigroup e que agora lidera a Stormharbour, consultora financeira contratada por quase meio milhão de euros pelo Estado para assessorar na questão dos swaps.
João Galamba diz ao CM ue depois da saída de dois secretários de Estado por causa de contratos swap, “estranha profundamente” esta situação. Aos pedidos de demissão do governante, o ministro da Presidência, Marques Guedes, sustentou que já perdeu a conta “às vezes que os partidos da oposição têm pedido nos últimos meses a demissão de membros do Governo”. Na coligação, ao que apurou o CM, não há margem, para já, para aceitar uma audição do governante no Parlamento.