SARA BEATO, A VIVER O SONHO NO DUBAI

FOTO PARA CMCSara Trindade Beato, 24 anos, natural de Lisboa, já esteve em mais de uma centena de países, viaja quase todos os dias e vive no Dubai. Sara está a viver o sonho de uma vida, desde muito nova que aspirou a ter uma profissão ligada à sua paixão por aviões.
«Quando acabei o secundário, apesar das certezas continuarem e de ficar “toda maluca” quando passava um avião (síndrome que desenvolvi com o meu pai – que também trabalha na aviação e desde os seis anos que me começou a meter dentro de aviões no trabalho dele), sabia que era demasiado nova para ir aos recrutamentos», conta.
No entanto, ciente de que o seu sonho poderia não se realizar, Sara passou àquilo a que chama o seu plano B: «decidi enveredar pela licenciatura em Comunicação e Jornalismo (…)». O seu plano B deu frutos e Sara Beato chegou mesmo a trabalhar na área, no programa “Querido Mudei na Casa”, na SIC Mulher.

Correr atrás do sonho
Em 2011, Sara foi ao recrutamento da TAP, mas sem sucesso: «ia mais nervosa que uma alface, porque realmente aquilo que eu mesmo queria estava a um passo de mim, mas entre o snobismo português que enfrentava e os nervos que tentava disfarçar, acho que a coisa não correu mal. Mesmo assim, não tive nenhuma resposta, nem qualquer feedback», refere. Os meses passaram-se e sem ter qualquer esperança, eis que surge a oportunidade de se tornar assistente de bordo. «O Open Day da Emirates surgiu, quando disse a um amigo meu, por mensagem, que ia ao Porto, para o Open Day da Qatar. Ele respondeu-me a dizer que viria ao da Emirates a Lisboa. Eram ambos no mesmo dia, exatamente às mesmas horas (…) eu acabei por ficar em Lisboa no da Emirates», revela.

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A concretização
A partir daquele dia tudo se desenrolou sem obstáculos. O sonho de Sara estava nas suas mãos: «as coisas sempre correram bem e ia, decididamente, mais relaxada. Sempre mantive uma postura interessada, mas acima de tudo superdescontraída. Consequentemente, vejo-me a passar às fases todas no mesmo dia, chegando lá às 9h da manhã e saindo às 22h30 da noite, com os documentos para ir à entrevista final dali a três dias!»
Alguns dias depois, Sara teve a confirmação daquilo que tanto tinha esperado: «recebi a chamada da Emirates, a que chamamos aqui a Golden Call, com o convite para ingressar na companhia». Sara Beato ia ser assistente de bordo e viver para o Dubai.

Ser independente fora de Portugal
Com o emprego estável, Sara acredita que se tivesse continuado em Portugal a sua independência financeira poderia estar comprometida. «Se continuasse a viver em Portugal, muito provavelmente estaria sem emprego ainda e a viver dependente dos meus pais – uma ideia que já me faz muita confusão na cabeça e, na altura, nem sonhava quão bom seria o sabor da independência. Hoje é a melhor coisa», confessa Sara.
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O primeiro voo
Sara não esquece aquele que foi o seu primeiro voo, «lembro-me do primeiro voo que fiz para Lisboa. E os primeiros passageiros que apanhei a caminho da China. No primeiro voo que fiz para Lisboa envolvi-me imenso com os passageiros, conversámos imenso, trocámos muitas ideias e experiências pelo mundo fora. Tanto que acabei o voo, na porta, a despedir-me dos passageiros e recebi dois beijinhos de muita gente e ainda alguns presentes/lembranças. Soube muito bem. Foi como um “bem-vinda” a casa. Quanto ao voo para a china, também não o vai esquecer «os passageiros que apanhei a caminho da China (no voo Dubai-China) vinham já de um voo anterior de Lisboa e eram das marchas. Iam fazer uma representação aos chineses».

Uma rica vida social
A profissão de assistente de bordo tem uma forte componente social, pelo que a ocupação do tempo livre é algo essencial: «não se sobrevive na minha profissão se não formos bons em termos de sociabilidade. Se não nos mantivermos ocupados o tempo todo», explica.
Segundo Sara, no Dubai, o número de portugueses que trabalham na companhia aérea Emirates rondam os 300 «somos muitos, e reflete a situação atual do país, o que por um lado é triste, mas também é bom. É bom saber que não há gente a esperar pelo milagre do santinho. No começo dava-me imenso com as pessoas que eram da minha turma inicial, quando fiz o treino, porque são aquelas pessoas que conhecemos. Mas faltava-me algo, um grupo de amigos coeso. Parecendo que não, isso, quando estamos fora, é tudo. Os amigos são a nossa família. Eu encontrei-os e o Dubai tornou-se melhor», diz a portuguesa.

Ter uma data para regressar
Neste momento, Sara Beato não pensa num regresso, embora diga que «Portugal é, para mim, sem dúvida, o país a que tenho de regressar».

Uma pessoa diferente
«Se não fosse esta experiência ainda não tinha percebido o verdadeiro valor de muitas coisas. Tornou-me uma pessoa diferente, na medida em que me tornou mais adulta e mais humana», admite.

É, mais do que tudo, um coração luso
«O português é sempre saudoso. As minhas saudades pela minha família, amigos e pelo meu Portugal nunca acabam. E sair de casa naquela altura foi mais do que sair só de casa. Foi sair do país. Foi largar a família, largar o lar, o ninho. Só quem tem de sair do país percebe o que é viver fora. Longe da família. Sou um coração orgulhosamente luso», conclui Sara Beato.