RELAÇÃO COM PORTUGAL

Portugal sempre foi um País de emigrantes. Depois de conquistadores e descobridores passamos o tempo a olhar para fora, onde sempre encontramos oportunidades e outras formas de vida adaptáveis a cada circunstância. E se pensarmos bem sobre o que tem sido a nossa História e o percurso de tanta gente, não é difícil de concluir que Portugal é o melhor País do mundo para se viver, mas pouco interessante para se trabalhar.

Quando nós éramos o centro do mundo e Lisboa das principais praças comerciais, onde abundavam as especiarias e tanta matéria-prima trazida das descobertas, todos nos visitavam para comprar. Levavam essas matérias que as transformavam nos seus países e, mais tarde, nós importávamos os produtos já trabalhados. Habituamo-nos a sair, precisamente, para ajudar esses países a trabalhar muitos desses produtos. Fixámo-nos noutros territórios, mas nunca esquecemos a terra que nos viu nascer. Mesmo quando a emigração ganhou uma dimensão considerável, no tempo de Salazar, era rara a família que não mandava as suas economias para Portugal.

Portanto, emigração sempre houve e possibilidades de regresso, especialmente no fim da vida, também foi uma prática corrente. Recentemente, e dada a crise instalada em Portugal com necessidade de recurso a empréstimos externos de grande monta, a vida tornou-se mais difícil. Os últimos anos em Portugal foram complicados e como a memória é curta, parecia que crise igual a esta nunca tinha existido. Mas não, crises sempre houve e sempre soubemos sair delas, como, aliás, está a acontecer neste momento.

Mas desta vez, Portugal está a pensar nos seus emigrantes de forma diferente, ao ponto de criar um programa de incentivos para quem quiser regressar. O programa chama-se VEM – Valorização do Empreendedorismo Emigrante – e tem como objetivo apoiar quem pretenda criar o seu próprio negócio em Portugal. Críticas e apoios a esta iniciativa não faltaram, como é nosso apanágio. À vista desarmada este programa vale o que vale. O importante é saber tirar a melhor ilação e que mais não é do que a disponibilidade que voltou a existir para se gerar novas riquezas. Claro que o Estado português não se vai pôr a distribuir dinheiro a torto-e-a-direito, somente para recuperar população válida que, entretanto, saiu. O que vale, e mais importante, é sabermos que a economia em Portugal voltou a crescer e que estão criadas condições para se levantar a cabeça.

Quanto a nós, o tal programa VEM, destinado a apoiar uns quantos projetos com valores discutíveis, tem mais influência psicológica do que importância prática. E desde que se acredite, saímos sempre vencedores. Desde há muito que houve portugueses no mundo e portugueses a regressar. E agora começam a criar-se novamente as condições para acreditarmos no nosso País. E quando Portugal está bem, também nós nos sentimos melhor, seja onde for.

A Direção