Racismo: Negros ou indígenas mais intercetados pela TTC

Foto: TTC/Facebook
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Os passageiros de transportes públicos de etnia negra e indígena são desproporcionalmente mais abordados pelas autoridades de segurança do Toronto Transit Commission, o órgão que gere o sistema de transporte público de Toronto. São os dados de um recente relatório da Universidade de Toronto.

Os incidentes ocorridos nos transportes públicos da cidade de Toronto ganharam uma visão mais sombria. Ao que tudo indica, passageiros de etnias minoritárias, como pessoas negras e indígenas têm uma maior taxa de incidentes de fiscalização e abordagem pelas autoridades do Toronto Transit Commission.

Quem o garante é a Universidade de Toronto, após analisar mais de 120 mil incidentes num período de dez anos.

O novo relatório dá conta de uma disparidade significativa e suficiente para classificar de discriminação racial. Entre 2008 e 2018, o período investigado dos incidentes documentados de aplicação da lei pelo TTC, quase 20% deles envolveram indivíduos de etnia negra. Em comparação aos quase 9% da população dessa etnia representada em Toronto.

Também a comunidade indígena esteve envolvida em cerca de 3% de todos os incidentes de aplicação da lei do TTC, apesar de representarem perto de 1% da população de Toronto.

Mas os dados não ficam por aqui. O relatório mostrou que pessoas brancas foram abordadas pelo TTC a uma taxa consistente com a parcela proporcional da população na cidade.

E também notaram que todas as restantes etnias passaram a estar sub-representadas. Eles dizem que as disparidades diminuíram precisamente ao mesmo tempo em que a ausência dos dados raciais aumentou, com o passar dos anos. E, com isso, diminuiu a confiabilidade dos dados.

Por exemplo, em 2008 indivíduos negros tinham 3 vezes mais probabilidade de se envolver em incidentes de fiscalização do TTC do que o previsto. Mas em 2018 não chegava a 2 vezes. O mesmo se passou com a população indígena.

Os investigadores sugerem que essa sub-representação pode estar a encobrir a verdadeira extensão das disparidades raciais nas atividades de fiscalização do TTC.

Pode ler-se no relatório que a desigualdade racial representada pelos dados obtidos é evidente e que os números não disparavam se todas as etnias fossem tratadas de igual forma pelos oficiais de fiscalização do TTC.

De acordo com os especialistas, o preconceito racial, pode sujeitar os passageiros negros e indígenas a níveis mais elevados de vigilância do que a passageiros de outras etnias. E isso aumenta a probabilidade de serem abordados pelas autoridades do órgão de transporte público da cidade.