CUSTOS E COMPETITIVIDADE

Quando se toma a decisão de se sair de Portugal e fixar residência noutro país, o principal fator diferenciador é a procura de melhores salários. Aqui no Canadá, por exemplo, trabalha-se muito e ganha-se o suficiente para se pensar que valeu a pena. Há outros fatores na vida que também contribuem para a mudança, como assistência na saúde, educação dos filhos e segurança pública e privada.

Vendo bem as coisas, Portugal até oferece todos esses fatores e em condições muito favoráveis. O Serviço Nacional de Saúde é dos mais avançados do mundo; o ensino não será, com certeza, o melhor, mas está entre os melhores; e no que respeita a segurança pode-se correr o mundo que também não se encontra melhor.

Então pergunta-se, como e porquê tanta emigração e para destinos tão diversos? De facto, os portugueses estão espalhados pelo mundo, ao ponto de qualquer dia serem tantos os que estão fora como os que estão em Portugal. Regra geral, estão sempre cheios de saudade das suas terras e das suas gentes, com vontade de passar férias nos lugares que deixaram, rever familiares e amigos, mas com a carteira mais recheada do que quando partiram.

Há três razões essenciais para este fenómeno. A primeira prende-se com o custo do dinheiro e todos sabemos que em Portugal é muito caro. Qualquer empresa portuguesa paga mais no acesso ao crédito do que uma concorrente que atua noutros mercados europeus. A segunda razão tem a ver com o custo da energia. Apesar da redução das matérias primas, em Portugal os custos energéticos não param de subir. Sempre foi assim, e agora mesmo se prepara novo aumento nos impostos associados aos combustíveis, quando nos outros países se verifica o contrário.

As empresas portuguesas estão no mercado global, concorrem e competem com o resto do mundo e procuram levar os seus produtos a todos os mercados. É aqui que surge a terceira razão por que as empresas portuguesas pagam mal e os portugueses vestem a capa de emigrantes. O fator trabalho é o único em que o empresário pode decidir para ganhar mercados e chegar à fase da competitividade. Quem emprega e dá trabalho são as empresas, disso estamos certos. Mas a atuação do Estado é determinante para o custo do dinheiro no acesso aos créditos e nos preços da energia que fazem girar toda esta máquina.

Assim sendo, o empresário em Portugal é quase obrigado a pagar pior do que qualquer outro, seja em que país for. Há muitos empresários portugueses espalhados pelo mundo e a sua atuação fora de Portugal é bem diferente. Daqui se conclui que são os sucessivos governos de Portugal que transformam o Estado no gigante que absorve quase tudo e que em nada ou muito pouco contribui para a competitividade das empresas e consequentes melhorias salariais.

A Direção