Profissões especializadas: Falta de profissionais qualificados afeta economia canadiana

A escassez de pessoas qualificadas para trabalhar em profissões especializadas está a agravar ainda mais o aumento do custo de vida e segundo os economistas e veteranos da indústria do comércio,  não são apenas os proprietários de casas que estão a pagar o preço.

Desde a falta de mecânicos de transportes, que faz aumentar o custo dos bilhetes de autocarro e de avião, até à falta de cozinheiros que afeta os preços dos menus nos restaurantes, qualquer pessoa pode esperar sofrer os impactos da escassez de profissionais qualificados. Quem o diz é   Simon Gaudreault, economista-chefe e vice-presidente de investigação da Federação Canadiana de Empresas Independentes (CFIB), com sede em Montreal.

Segundo ele, estas carreiras “subvalorizadas” não são apenas fundamentais para a economia, mas também têm impacto nos consumidores individuais. Um relatório do CFIB concluiu que as pequenas empresas canadianas perderam 38 mil milhões de dólares em oportunidades de negócio devido à escassez de mão de obra em 2022, com o sector da construção a suportar a maior parte.

De acordo com as estimativas de ofertas de emprego do CFIB – calculadas com base nos dados do Statistics Canada e em 1700 respostas do seu próprio inquérito aos empresários-operadores – a taxa global de ofertas de emprego durante o primeiro trimestre foi de 3,5%.

Mas os sectores-chave que empregam profissões especializadas tiveram vagas mais elevadas do que a média, disse Gaudreault. Na construção, por exemplo, a taxa foi de 5,1% (um valor que inclui todas as funções do sector, como recepcionistas) e na hotelaria foi de 4%.

A escassez de profissionais especializados também torna a habitação um pouco mais dispendiosa. Quando for mais caro contratar carpinteiros e técnicos, haverá menos edifícios para arrendamento ou condomínios construídos para esse fim e os custos de construção também serão mais elevados, disse Steven Tobin, Diretor Executivo da LabourX, uma empresa de consultoria especializada em questões do mercado de trabalho.

Dave Mulcahy é pedreiro há 46 anos e é também instrutor no Ontario Masonry Training Centre em Ottawa, diz que ajudaria se o sistema canadiano de avaliação dos candidatos à imigração desse mais peso àqueles que têm experiência nos ofícios.

“Quando se olha para o sistema de pontuação, muitos dos pontos vão para, por exemplo, ter um mestrado ou uma licenciatura ou um doutoramento”, disse. “E não tenho a certeza de que atribuímos pontos suficientes às competências que estão realmente a ser procuradas neste momento no mercado de trabalho.

Foto: CityNews