
São Tomé, 29 abr 2025 (Lusa) – O Presidente são-tomense defendeu hoje que é preciso trabalhar para assegurar uma autonomia sólida e robusta para a ilha do Príncipe, enquanto o Governo regional pede um pacto de regime para reforçar as garantias constitucionais da região autónoma.
Carlos Vila Nova que discursava na cerimónia dos 30 anos da autonomia regional que hoje se assinala, sublinhou que o Príncipe “oferece potencialidades que não podem deixar de ser exploradas ao máximo de forma a se retirar delas todos os benefícios possíveis, tornando-a mais atrativa”.
Para o chefe de Estado são-tomense isso “impactará de forma positiva a economia” o que considerou como “essencial para trilhar o caminho de um desenvolvimento sustentável que o Príncipe almeja” assim como a ilha de São Tomé, conduzindo à “melhoria das condições de vida das suas gentes”.
“É imperativo na prossecução de tal desiderato trabalhar, no sentido de gerar uma autonomia sólida, robusta e que efetivamente esteja ao serviço dos reais interesses do Príncipe”, defendeu o Presidente da República.
Carlos Vila Nova apontou ainda muitas potencialidades do Príncipe, nomeadamente o facto de estar no centro do mundo, ser Reserva Mundial da Biosfera da Unesco há mais de 10 anos, uma ilha tropical, clima maravilhoso, sol fértil e referência na ciência pela comprovação da teoria da relatividade de Albert Einstein.
“Estes elementos chaves assumem-se como verdadeiras vantagens comparativas, que não podem deixar de ser exploradas no sentido de fomentar a economia, gerar emprego e riqueza, designadamente através de um sério e forte investimento no setor do turismo, bem como no fomento de um ambiente de negócio atrativos a investimento nacional e ou estrangeiro”, defendeu Carlos Vila Nova.
O Presidente da República considerou ainda que o Turismo é um setor que “a região apresenta um grande potencial”, mas apontou alguns desafios, nomeadamente a necessidade de elevar a qualidade da educação, assegurando a formação superior na ilha, assim como a melhoria da saúde, aprimoramento do sistema de justiça, redução da dificuldade de abastecimento dos produtos de primeira necessidade, a garantia da estabilidade energética.
“Estou e estarei comprometido com a causa do Príncipe, como de São Tomé”, declarou Carlos Vila Nova, defendendo que “é preciso continuar a trabalhar, consagrando esforços e sinergias tendo como rumo a construção de um Príncipe cada vez melhor e onde realmente dê gosto de viver”.
“Uma Região Autónoma do Príncipe melhor e desenvolvida, significa um São Tomé e Príncipe melhor e mais próspero”, sublinhou o Presidente da República.
Por sua vez, o presidente do Governo Regional, Filipe Nascimento disse que “a autonomia, muitas vezes, é mal compreendida ou usada de forma desonesta”, mas assegurou que “nunca foi, nem será, uma rotura com a unidade nacional”.
“Celebramos com orgulho os avanços alcançados. Mas, com honestidade, quem pode negar que persistem desafios profundos a enfrentar? A dupla insularidade e, em certos domínios, uma verdadeira tripla insularidade, agravada pela ausência de políticas públicas estruturantes e pela exclusão da Região das negociações nacionais chave, continua a limitar o nosso potencial de desenvolvimento”, apontou Filipe Nascimento.
“Mas, mais do que reivindicar, queremos propor: a celebração de um pacto entre a Região e a República — um compromisso claro, duradouro e justo, que permita enfrentar, de forma estruturada, os desafios da insularidade e consolidar, em pleno, a coesão nacional”, acrescentou o líder do executivo regional.
Segundo Filipe Nascimento, o Governo Regional está a trabalhar num anteprojeto de com normas sobre a Região Autónoma do Príncipe para ser proposto às autoridades nacionais para que seja adotada na próxima revisão da Constituição a fim de reforçar a autonomia regional.
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