Presidente israelita pede reação firme de autoridades a violência de colonos

Jerusalém, Israel, 11 nov 2025 (Lusa) – O Presidente israelita, Yitzhak Herzog, condenou hoje os atos de violência cometidos por colonos na Cisjordânia, descrevendo-os como “chocantes e graves” e apelando a uma reação firme das autoridades.

“Os deploráveis acontecimentos perpetrados na última noite por um punhado de indivíduos violentos e perigosos são chocantes e graves”, afirmou Herzog na rede social X.

“Esta violência contra civis e soldados ultrapassa uma linha vermelha, e condeno-a veementemente. Todas as autoridades estatais devem agir com firmeza para erradicar este fenómeno”, acrescentou o presidente.

As Forças de Defesa de Israel detiveram hoje colonos no norte da Cisjordânia, após denúncias de ataques contra palestinianos e fogos postos em propriedades na região, anunciaram os militares israelitas.

Em comunicado, o Exército disse ter destacado tropas para as áreas das aldeias de Beit Lid e Deir Sharaf no seguimento de relatos de que “dezenas de civis israelitas com o rosto coberto estavam a atacar palestinianos e a incendiar propriedades”.

Como resultado dos ataques, pelo menos quatro palestinianos ficaram feridos e precisaram de tratamento médico, a que se adicionaram danos materiais.

“As forças de segurança utilizaram medidas de controlo de distúrbios para os dispersar, detendo vários israelitas”, segundo o comunicado, acrescentando que os suspeitos foram transportados para uma esquadra para interrogatório.

A agência de notícias palestiniana Wafa informou que grupos de colonos realizaram um ataque em grande escala contra instalações industriais e agrícolas.

A Wafa descreveu que um grande contingente de forças israelitas entrou na zona, embora afirme que o fez “para proteger os colonos” e “perseguir os residentes que tentaram repelir o ataque”.

O exército israelita, por sua vez, alega que os seus soldados a operar na zona foram atacados por colonos, que danificaram um veículo militar.

“As Forças de Defesa de Israel condenam veementemente todas as formas de violência que distraem os comandantes e os soldados das suas funções operacionais de proteger a área e de realizar atividades antiterroristas”, referiu ainda o comunicado militar.

Hussein Hammadi, presidente da Câmara de Beit Lid, contou à agência France-Presse (AFP) que cerca de 200 colonos israelitas desceram das colinas em direção à localidades antes de se dividirem em dois grupos.

Um dos grupos atacou uma comunidade beduína, “incendiou veículos, vedações e casas, e tentou roubar ovelhas antes de seguir para outro acampamento”, enquanto o outro se dirigiu para uma fábrica de laticínios, onde pegou fogo a camiões da empresa e vandalizou as instalações.

Ao fim do dia, a polícia israelita anunciou a abertura de uma investigação a estes incidentes, em colaboração com a Agência de Segurança de Israel.

“Os investigadores da polícia, juntamente com as forças de segurança, estão a recolher provas no local, incluindo documentos, depoimentos de testemunhas e análises forenses”, de acordo com um comunicado da polícia.

A Cisjordânia enfrenta uma vaga de violência por parte dos colonos e das tropas israelitas durante a época em curso da apanha da azeitona, considerada a mais violenta dos últimos cinco anos.

Só em outubro, foram registados 1.584 ataques na Cisjordânia ocupada.

A ONU documentou 536 ataques de colonos nesse mês — o número mais elevado desde que recolhe registos, iniciados em 2013 — incluindo ataques físicos, incêndios de campos agrícolas, destruição de oliveiras e restrições de acesso a olivais.

Ao mesmo tempo, Israel abriu este ano um concurso para a construção de 5.667 casas em colonatos, classificados ilegais à luz do direito internacional, um aumento de 48% em relação ao recorde anterior de 2018, o que acrescentaria cerca de 25.000 novos colonos à Cisjordânia ocupada.

 

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