Povos indígenas: Viajam distâncias mais longas para dar à luz

Foto: Solen Feyissa/Unsplash
Foto: Solen Feyissa/Unsplash

Os povos indígenas são mais propensos a viajar longas distâncias – muitas vezes centenas de quilómetros – para o trabalho de parto. Uma descoberta considerada chocante num recente estudo do Canadian Medical Association Journal.

Os especialistas classificam de ‘disparidade estonteante’ os resultados de um recente estudo sobre as longas distâncias percorridas por povos indígenas quando é hora de entrar em trabalho de parto e dar à luz.

Segundo a pesquisa do jornal médico, Canadian Medical Association Journal, os indígenas que vivem na zona rural do Canadá têm 16 vezes mais probabilidade de viajar longas distâncias – às vezes centenas de quilómetros a mais – do que os não-indígenas para dar à luz.

Os resultados, publicados por investigadores de várias universidades, hospitais e instituições de saúde, vieram de uma revisão de dados de uma pesquisa federal sobre experiências de maternidade no Canadá.

Os dados apurados revelaram uma disparidade impressionante entre as experiências de pessoas em várias comunidades diferentes. Mais de 20% (23%) das mulheres indígenas viajam 200 km, ou mais, para dar à luz, em comparação a apenas 2% das mulheres não-indígenas.

Os investigadores do estudo também levaram em consideração vários outros fatores socioeconómicos vivenciados pelos indígenas. Entre eles, as mães dessas comunidades eram mais “propensas a serem solteiras, a terem níveis de educação mais baixos, um rendimento menor do que 30 mil dólares ao ano, a sofrerem de abusos e a serem hospitalizadas durante a gravidez, em comparação às mães não-indígenas”.

No entanto, alguns especialistas não ficaram surpreendidos com os resultados, dizendo que existem muitas outras complicações que devem ser consideradas quando se tratam de povos indígenas. Segundo os autores do estudo, as discrepâncias na distância de viagem entre comunidades indígenas e não-indígenas são o resultado de políticas coloniais sistémicas de longa data.

Outros especialistas apontam para as disparidades no financiamento em todos os setores, desde a educação à habitação e aos serviços sociais.

Embora a falta de acesso a cuidados de saúde nessas comunidades continue a ser um dos problemas mais antigos enfrentados pelos povos indígenas, os autores da investigação apontaram diversas maneiras de ajudar a aumentar o acesso ao apoio adequado no parto.

Contratar mais parteiras indígenas e profissionais de saúde para dentro dessas comunidades, ou até mesmo para mais perto, além de incluir líderes comunitários no planeamento dos serviços de saúde, poderia ajudar a aumentar o acesso a eles. Serviços que consideram mais seguros e mais justos para os povos indígenas.