POUPA-SE MENOS EM PORTUGAL

Uma coisa é certa: os emigrantes portugueses continuam a fazer as suas poupanças, mas o destino já não é tanto Portugal, como se verificava no passado. Para que se saiba e segundo dados do Banco de Portugal, os depósitos dos emigrantes cresceram 209 milhões de euros, nos primeiros 8 meses de 2014. No mesmo período de 2015 esse valor subiu 593 milhões. Mas este ano e também durante o mesmo período, as aplicações dos emigrantes desceram 106 milhões.

Para o Governo português e seus apoiantes, tal tendência deve-se apenas ao facto de durante o mesmo período de 2016, o Estado português ter emitido Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável, ao mesmo tempo que se verificavam subscrições positivas de certificados de aforro. Será que os emigrantes portugueses recorreram a essas alternativas de guarda e valorização dos seus capitais? Para os especialistas do poder há sempre uma justificação quando a situação não é interessante e querem fazer crer que os emigrantes desviaram os seus depósitos para aplicações mais rentáveis.

À partida podemos ver alguma lógica nesta visão, mas depois do que se assistiu com aplicações feitas no Banco Privado, Banco Espírito Santo e no BANIF, é de crer que os milhões de euros dos emigrantes sejam mais facilmente aplicados em simples depósitos a prazo, mesmo sem muito rendimento, do que em promessas e multiplicações que pelas experiências anteriores deram muito mau resultado.

Parece que o poder político em Portugal não quer assumir que vem assustando os depositantes e investidores com as sucessivas ameaças de taxar quem poupa e não inspirar quem investe. Recentemente, não se falava de outra coisa se não o caso do fim do sigilo bancário acima dos 50 mil euros. Em boa hora o Presidente da República vetou o diploma e calou, temporariamente, os novos comandantes dos destinos e das tendências.

Não é novidade para ninguém que não só os emigrantes a arrefecerem as poupanças com destino em Portugal. Também outros investidores dos quatro cantos do mundo começam a interrogar-se sobre a falta de consistência provocada por esta política de aplicação de taxas e impostos indiretos a todos os que pretendem investir.

A poupança passou a ser uma coisa salazarenta e que não serve estes novos governantes. Falam muito na distribuição da riqueza, mas esquecem-se que para distribuir é preciso criar primeiro essa mesma riqueza e que, neste momento, ela é escassa e fugiu.

Principalmente por razões de segurança e pelas qualidades do seu povo, Portugal passou a aparecer no radar do turismo e principalmente do investimento. Depois da desgraça de uma intervenção do FMI e União Europeia por ameaça de banca rota, a classe política parece não ter aprendido a lição e serão eles os primeiros a provocarem novas indefinições que poderão conduzir a situações menos agradáveis.

A Direção