PORTUGAL PROMOVE-SE MAL

O New York Times publicou na semana passada uma reportagem sobre Portugal, mais precisamente sobre algumas localidades do sul, descrevendo de forma muito positiva todos os aspetos relacionados com a natureza e as pessoas. Portugal tem tudo para despertar o interesse do mundo: gastronomia, clima, segurança e o caloroso acolhimento. Tudo isto é reconhecido tanto na América como em qualquer outra parte. Mas, tal como refere o NYT, falta sempre qualquer coisa e quando essa coisa é importante, é como se falhasse quase tudo.

O conceituado jornal, tal como refere as maravilhas portuguesas, também aponta a principal falha: a promoção do País deixa muito a desejar. De facto, Portugal não se promove, ou melhor, não sabe promover-se, embora se gastem rios de dinheiro apregoando grandes campanhas, fazendo deslocar os seus técnicos turísticos por todo o mundo, mas que na maior parte das vezes não serve para coisa nenhuma.

Tudo tem uma causa e neste caso há muito que está identificada. Com o fim do império colonial, da redução do tecido industrial, do abandono da agricultura e do desprezo pelos recursos marinhos, todos olharam para o turismo como a solução mágica para elevar um País e um povo. De repente o turismo, a hotelaria, a restauração, a animação e tudo o que envolve esta atividade passou a estar na ordem do dia e parecia que já todos percebiam do ofício.

Da tarimba passou-se à técnica. Criaram-se escolas, cursos superiores e o objetivo da profissionalização do setor turístico parecia estar criado. Mas rapidamente deu para ver que o futuro nunca seria o desejado. Efetivamente, o Estado não se pôs a construir hotéis e aldeamentos, nem parques temáticos nem casinos, nem nada que se assemelhe. Mas tomou conta da promoção e politizou o turismo espalhando curiosos nos pontos importantes.

O Turismo chegou a ter honras de Ministério. E em poucos anos foram criadas cadeias de poderes que mais não são do que burocracia e entraves ao normal desenvolvimento da atividade. O Estado criou os organismos que dão as orientações. À frente destes organismos foram sendo colocados políticos mais preocupados com a sua carreira partidária do que outra coisa. O Turismo passou a servir interesses diferentes dos que deveria. Muda o Governo, muda a orientação política, muda toda a estrutura técnica do Turismo, como se quem lá esteve antes tivesse deixado de perceber e passasse a incompetente.

Todos os que chegam de novo vêm para o Turismo como poderiam ir tratar do ordenamento do território ou das chefias militares. Começam por fazer viagens e só porque eles próprios andam um pouco por todo o lado, convencem-se que todo o mundo já está informado e que obrigatoriamente Portugal está automaticamente promovido. Puro engano! E enquanto assim continuar, Portugal será notícia por defeito sabendo-se que estamos recheados de virtudes.

A Direção