PORTUGAL E O CANAL DO PANAMÁ

Quando a Colômbia se tornou independente da Espanha, em 1821, o Panamá era parte integrante do seu território. Trata-se da zona mais estreita da América Central. Sob governação colombiana foi decidido, em 1880, dar-se início às obras de construção do canal do Panamá. Uma via de comunicação considerada importante, já nessa época, dado que a alternativa para ligar o Atlântico ao Pacífico era o cabo Horn, localizado no ponto mais meridional da América Latina e muito longe de qualquer interesse para o comércio.

As obras foram interrompidas 5 anos depois, porque os problemas eram demasiados e a engenharia de então nem sempre se guiava pelas melhores soluções. Perante tamanho empreendimento, os Estados Unidos reconheceram a importância militar e económica que este canal poderia significar. Dadas as dificuldades em ratificar negociações com o governo colombiano para se concluir a obra, os norte-americanos acharam melhor promover a independência do Panamá. E assim, em 1903, é criada uma nova nação com o protetorado dos Estados Unidos.

O canal ficou concluído em 1914 e a sua administração e controlo foi entregue ao governo norte americano até 1999. Apesar da grande obra realizada, a partir da segunda guerra mundial começou a identificar-se limitações de tráfego, uma vez que a largura do canal não permitia a passagem dos grandes navios. Hoje, já se fala no Novo Canal do Panamá e que será inaugurado este ano, nas comemorações do primeiro centenário. Trata-se de um projeto de ampliação que vai permitir a passagem de navios maiores e com capacidade de carga muito superior à atual.

Esta nova realidade vai mexer com o tráfego marítimo e abre novas oportunidades de negócios. Portugal poderá beneficiar bastante com todas estas alterações. A PSA, originária de Singapura, é a concessionária do porto de Sines que se prepara para ampliar a sua movimentação de carga. Neste momento está a expandir o terminal e a área de armazenamento no Panamá. Em Sines, os terminais de carga contentorizada já estão aptos, faltando apenas o comboio de alta velocidade para mercadorias. Aí, Sines será a verdadeira porta atlântica da Europa.

Isto significa que ainda este ano o porto de Sines vai aumentar a sua capacidade de transporte para a costa americana do Pacífico, nomeadamente para o Canadá, Estados Unidos e México. Pelo canal do Panamá passa, atualmente, 5% do comércio mundial. As consequências estão à vista, há que saber aproveitá-las.

A Direção