POBRE PAÍS QUE NOS VIU PARTIR

Mesa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão. Assim diz o povo e, sinceramente, parece não andar muito longe da verdade. Olhando para o outro lado do Atlântico, para a terra que nos viu partir, temos que concluir que a dita crise não é só económica e financeira. Há muitos outros motivos de preocupação e que se agravam cada dia que passa, sem que alguém tenha capacidade de pôr ordem na mesa.

Para breve está anunciada uma greve geral, mas que a exemplo de experiências anteriores vai abranger e afetar, essencialmente, o setor público do Estado. Antes dessa data, os professores falaram em parar, prejudicando, dessa maneira, os exames e pôr em causa todo um ano letivo. Mas, mais uma vez, quem efetivamente sai mais lesado é o ensino público, pois os estabelecimentos de ensino privado continuam a ser a melhor referência.

Depois dos professores vêm os estivadores. Realmente as exportações portuguesas estão a crescer e o País beneficia muito com isso em termos de recuperação. Mas alguém deve ter imaginado que isso poria em causa este estado de confusão e deram indicação aqueles trabalhadores para não beneficiarem tanto o País, pois isso poderia pôr em risco o futuro daqueles que muito dizem e pouco fazem.

E neste propósito recordamos aqui palavras recentes que fazem pensar: Mário Soares, ex-Presidente da República e ex-Primeiro Ministro acaba de dizer, e muitos se revêm nas suas palavras, que o Governo atual é ilegítimo. O líder parlamentar do Partido Socialista acaba também por dizer que o seu partido quer uma maioria absoluta e que inclua todos os partidos, da esquerda à direita. O Bloco de Esquerda, por sua vez, diz que seria um pesadelo para Portugal, caso houvesse eleições e as coisas se mantivessem como estão agora. Finalmente, os comunistas querem eleições já, porque é urgente mudar.

Perante esta realidade, alguém deve estar equivocado. E quem será? Um Governo bom ou mau, num Estado democrático, é eleito pelo voto popular. Dizer-se que a vontade do povo é ilegítima é contrariar as boas práticas da democracia. Por outro lado, anunciar-se uma maioria da esquerda à direita é a mesma coisa que dizer que as eleições são desnecessárias e arruma-se a coisa de outra maneira. Depois imaginemos que o povo vota nos mesmos que estão agora no poder. Então significa isto que todos estão loucos menos os que perdem as eleições? E os comunistas que insistem em dizer que é o povo quem mais ordena, não seria correto respeitarem a vontade do povo, como tão bem apregoam?

Olhando para o outro lado do Atlântico, será que é apenas o Governo que está mal ou a oposição também revela sinais de não saber posicionar-se? Será por diversão, necessidade, persistência, protagonismo, vaidade… Portugal está pobre e assim vai continuar porque ganhar-se dinheiro em Portugal passou a ser mal visto. O mérito não é respeitado e o que vale é o que alguns dizem, mesmo contra a vontade do povo. Pobre País que nos viu partir.

A Direção